Msarcos Maivado Marinho
Para quem pensa que a “farra” dos senadores brasileiros paga com dinheiro público se restringe à gastronomia, aí incluído o sorvete da paraibana Daniella Ribeiro (PP), o engano é grande.
Isso é fichinha, por exemplo, comparando-se com o que os nossos ilustres representantes gastam em viagens internacionais, quase sempre adaptando a agenda que deveria ser exclusivamente pública ao roteiro pessoal.
Nos três últimos anos (sem contar o atual), apenas dois senadores gastaram R$ 800 mil com viagens pelo mundo.
O senador paraibano José Maranhão (MDB), que é proprietário e piloto de avião, integra a lista por ter participado nos Estados Unidos de uma feira de aviação.
O senador Gladson Cameli (PP-AC) consumiu R$ 48 mil – em valores atualizados – com passagens de ida e volta para a Conferência Mundial de Jovens Parlamentares, no Japão, em 2015. Ele fez também a viagem mais cara, no valor de R$ 57 mil, incluindo passagens e diárias, para a República Checa.
O senador Ciro Nogueira (PP-PI), conhecido apreciador de vinhos, gastou R$ 28 mil com passagens para fazer parte do workshop “Consumo Inteligente e Responsável de Bebidas Alcoólicas” nos Estados Unidos, em 2016. Mas a viagem mais cara de Nogueira – R$ 48 mil – foi para o Vietnã, onde participou da 132ª Assembleia da União Interparlamentar.
Nestra mesma “missão”, Gladson Cameli gastou R$ 51 mil – tudo em valores atualizados. Juntos, os dois torraram mais dinheiro do que os 81 senadores gastaram com “missões oficiais” no ano passado – R$ 770 mil –, quando também lideraram a gastança.
Um detalhe curioso: Cameli, de 39 anos, e Nogueira, de 49 anos, foram companheiros de viagem em seis eventos em três continentes. Entre eles o Parlamento de Jovens Parlamentares no Canadá, no ano passado. Também viajaram juntos para Paris, Nova Iorque e Genebra. Em junho do ano passado, ficaram dez dias na capital francesa para um evento de dois dias. Cada um recebeu quatro diárias.
Não há um preço de tabela a ser seguido. O custo e o luxo da viagem são uma escolha do parlamentar. Assim, um voo para São Petesburgo (Rússia), onde foi realizado o Fórum Parlamentar do Brics no ano passado, pode custar R$ 27,8 mil, como aconteceu com Cameli; ou R$ 6,6 mil, no caso do senador Jorge Viana (PT-AC), que esteve no mesmo evento. Uma viagem para os Estados Unidos pode sair por R$ 28 mil ou apenas R$ 5,2 mil.
o ano passado, Nogueira liderou o ranking da gastança. Foram R$ 98 mil, sendo R$ 73 mil com passagens. Nesses valores estão incluídos, porém, as despesas de R$ 33,7 mil com o workshop sobre bebidas alcoólicas em Washington, ocorrido no final de 2016. Cameli gastou R$ 94 mil. Nos dois anos anteriores, o senador acreano consumiu ainda mais – R$ 139 mil em 2016 e R$ 206 mil em 2015.
Em terceiro lugar no ano passado ficou o senador Roberto Requião (PMDB-PR), com gastos de R$ 63 mil. Boa parte – R$ 27 mil – foi consumida em viagens ao Parlamento do Mercosul, em Montevidéu (Uruguai), que tem o senador paranaense como integrante da Mesa Diretora. A viagem mais longa dele foi para Florença (Itália), onde participou da sessão do Parlamento Euro-Latinoamericano (Eurolat). Requião recebeu cinco diárias para três dias de evento, mas deu uma esticadinha e permaneceu na Itália de 17 a 26 de maio.
Alguns senadores têm preferência por feiras de tecnologia. O senador Jorge Viana (PT-AC) esteve em Barcelona para participar da GSMA Mobile World Congress, sobre novas tecnologias para celulares. Recebeu cinco diárias para cinco dias de evento. A passagem custou R$ 3,4 mil. Despesa total: R$ 10 mil.
A VIAGEM DE ZÉ MARANHÃO
Os senadores Vicentinho Alves (PR-TO) e José Maranhão (PMDB-PB), ambos apaixonados por aviação, participaram da Sun’n Fun Internacional Fly, em Lakeland, na Flórida (EUA). O convite para o evento anunciava equipamentos de voo e eletrônicos, exibição de aviões militares clássicos da Segunda Guerra Mundial, oficinas e fóruns educacionais e “rotinas noturnas de acrobacias aéreas e fogos de artifício”.
Os dois justificaram a viagem pela necessidade de troca de experiência para a elaboração do novo Código Brasileiro de Aeronáutica. Custo das diárias: R$ 12 mil para cada um.
Segundo a assessoria de Vicentinho Alves, “a tradicional Convenção Sun ‘n Fun não é um evento que se resume à apresentação de acrobacias aéreas. A convenção foca na aviação de pequeno porte, nas inovações e no futuro da aviação civil. Fomos convidados na condição de presidente da Comissão de Reforma do Código Brasileiro de Aeronáutica, bem como o senador José Maranhão, relator da proposta de reforma do CBA”.
Os dois senadores tiveram reuniões com o vice-presidente da Associação de Aviadores Experimentais, Patrick Phillips. “Tivemos uma ampla visão, por parte do usuário, de como é a legislação americana e de como o aviador é tratado. A visão do aeronauta foi o maior ganho que tivemos com a missão”, diz nota do gabinete.
VIAGEM MAIS LONGA
A viagem mais longa em 2017 foi feita pelo senador Wellington Fagundes (PR-MT). Ele recebeu R$ 21,6 mil por 16 diárias numa “visita técnica” à Rússia para contatos com operadores ferroviários, hidroviários, industriais e estaleiros a convite do embaixador daquele país no Brasil. As passagens de Fagundes foram pagas pela Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja).
O senador Hélio José (PROS-DF) recebeu 15 diárias no valor de R$ 21 mil em visita às repúblicas da Sérvia e de Montenegro, a convite do embaixador do Brasil em Belgrado. Roberto Rocha (PSDB-MA) recebeu R$ 14 mil em diárias para uma viagem “oficial institucional” a Estocolmo (Suécia), Sevilha (Espanha) e Paris (França).
Na viagem a Nova Iorque para a Conferência sobre Desenvolvimento Sustentável, o senador José Medeiros (PODE-MT) recebeu cinco diárias no valor de R$ 7 mil e gastou mais R$ 16 mil com passagens. Questionado pela reportagem, informou que o valor inclui a passagem do senador e de um assessor que o acompanhou na missão oficial.
VIAGENS ESTICADAS
Nas viagens internacionais, os senadores recebem diárias correspondentes aos dias do evento, mais os dias de partida e de chegada. Assim, uma viagem com um dia de evento oficial no Parlamento do Mercosul, por exemplo, rende três diárias – algo em torno de R$ 3,5 mil. Mas alguns senadores esticam um pouco a estada.
O senador Humberto Costa (PT-PE) partiu para Montevidéu numa sexta-feira, dia 24 de março, para uma reunião do Parlasul na segunda-feira. No domingo, houve reunião preparatório da bancada progressista do Mercosul. Ele recebeu quatro diárias no valor de R$ 4,5 mil.
A senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) participou de uma mesa redonda do WIP G20 sobre Políticas para um Futuro Digital, nos dias 5 e 6 de abril em Dusseldorf (Alemanha). Recebeu quatro diárias no valor de R$ 5,5 mil, mas permaneceu por nove dias na Alemanha.
A participação da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) na reunião do Grupo de Parlamentares da América Latina e do Caribe, em São Petesburgo, na Rússia, durante seis dias, em outubro do ano passado, resultou no pagamento de 10 diárias no valor de R$ 13,5 mil. Mas ela permaneceu 14 dias naquele país.
Fonte: Da Redação com ‘Gazeta do Povo’
3 Comentários
Faz até raiva saber dessas coisas. Mas a previdencia está quebrando o Brasil. Rarara é muito dinheiro público gasto indevidamente.
É por essa e outras que não voto mais em ninguém, só temos notícias de roubo e outras coisas mais. Eles não gastam dinheiro nem com sorvente
Vermes e por vermes serão corroídos ainda em vida. Rebotalhos!, o câncer vos aguarda