Quando eu era estudante e tinha uns 17 anos, topei com Tião Lucena no Ponto de Cem Réis, lá em João Dantas, capital da Parahyba. Ele falou comigo e no final do cumprimento me passou um carão: “Tá falando carioca, rapaz, que merda é essa, fale direito, você é de Princesa”. Fiquei morto de vergonha, engoli o carão, deixei de falar chiando e nunca mais esqueci disso. Homem dos sete instrumentos, Tião Lucena foi tudo na vida: menino ruim, cassaco da emergência de 1970, músico de banda de Princesa, agricultor, fotógrafo, estudante, repórter, radialista, juiz do trabalho, procurador do estado, secretário de comunicação, escritor, blogueiro, o diabo a quatro. Hoje, aos sessenta e tantos anos, divide o seu tempo entre o apartamento na capital e a casa aprazível na serra de Bananeiras. Dono de um estilo só seu, despojado, sem artifícios de retórica, Sebastião Lucena já nos brindou com vários livros e ainda tem muitos na gaveta que pretende publicar, a exemplo de suas memórias jornalísticas indiciadas em 1975, no maior e melhor jornal da Paraíba: A União. Aqui foi o início de um longo batente que se estendeu por vários anos, por outros órgãos de comunicação do estado. Sem eira nem beira, nosso herói cursou a faculdade de direito, mas o talento e a inteligência o empurraram para uma carreira promissora, tanto no jornalismo quando na área jurídica. E não foi por conta de seus lindos olhos, nem por ter parentes políticos, ou por ser de família rica. Ao contrário, fez-se sozinho, soube fazer suas escolhas e se saiu vencedor. Tião Lucena merece ter os 67 anos que tem, merece ter esses tufos de cabelos brancos no casco da cabeça e na cara. Parabéns, Tião, você tem todo o nosso respeito, não apenas pelo homem de fibra que você é, sobretudo pela sua lealdade a Princesa, à Paraíba, aos amigos, à sua família. E pelos livros maravilhosos que você produziu com o seu talento.
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Assim falou Aldo Lopes, o Zaratustra tropical! Daqui do alto da Borborema, nos cimos da Serra do Teixeira, 67 anos contemplam o trafegar pela vida desse nosso conterrâneo Sebastião! E nosso escriba-mor Aldo, bem registra por quais caminhos espinhentos transitou esse andarilho saído da ex Fazenda da Perdição e agora a aristocrática Princesa Isabel. Em post recente no seu blog, o jornalista Zé Duarte revelou ao mundo que eu, Aldo, Tião e o finado Paulo Mariano, que éramos amantes devotados ao Município de Princesa Isabel. Se verdade, somos os últimos! Todos sessentões. E nessa idade, nem o amor platônico resiste a dura realidade da decrepitude do nosso mundo. Nossa terra tornou-se um valhacouto de oportunistas, de picaretas e cafetões da viuva Princesa. Terra e povo pobres. Renda per capita baixissima e de evolução incipiente. Indice de desenvolvimento humano dos mais baixos. Memória do passado em processo de decomposição. O mundo do vício, das drogas, da corrupção se alastrando. Assim dito, Tião, complete seus próximos anos longe daqui, escrevendo sobre a amada terra com a sua memória de criança e jovem, onde tudo parece bonito e interessante. Paulo Mariano fez isso. Aldo quer fazer o retorno, apesar do meu alerta. Eu, retornei para escapar do mundo atribulado que vivi. Descobri outras atribulações. Não gostei do que vi. Meus votos que Bananeiras o acolha na sua futura jornada e, como cantava Bethania ” nada melhor para esquecer um velho amor, que um novo amor”.
NÃO O CONHEÇO PESSOALMENTE! PORÉM,TODOS OS DIAS ESTOU ACOMPANHANDO A SUA COLUNA NO BLOG TIÃO LUCENA. PARABÉNS E MUITÍSSIMO ANOS DE VIDA E SUCESSOS. SOU PROFESSOR AQUI EM CAMALAU E FILHO DE MONTEIRO.