Olhei para trás e vi o quanto de chão deixei no meu caminho. Chão pisado, amassado, ora seco de esturricar, ora lamacento pelo excesso de água, mas chão, chão de estrada, de andanças, de começos, de recomeços, de subidas e descidas, chão só de ida, caminho sem volta apontando o destino inexorável da viagem que um dia termina.
Quantos ficaram pelo caminho? Só contando, assim de lembrança não tem como dizer.
Amigos de infância, companheiros de juventude, colegas de copo e de boemia, uns mais velhos, outros mais moços, foram ficando nas curvas sinuosas da caminhada. Melhor dizendo, pegaram o atalho e chegaram ao fim da viagem antes do horário previsto. Viraram saudade, lembranças a mastigarem o peito com avisos de solidão.
Cadê a mocinha de olhos acesos que acenava flertes no escurinho da boate? Onde se escondeu a deslumbrante deusa que encantava a todos, mas a nenhum dava o seu amor?
Com certeza está a cuidar dos netos e a se esconder dos olhos curiosos do antigo admirador, esquecendo que o tempo também andou para ele e aquele rapaz só existe como era na fotografia amarelada pelo tempo.
E assim seguimos, uns com pressa, outros nem tanto, uns tentando voltar sem conseguir, outros rumando devagar para ver se conseguem mais tempo de jornada.
Até quando?
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