Marcos Maivado Marinho
A bailarina Myrna Maracajá, filha de Eneida Agra e Robério Maracajá, insurgiu-se contra o Encontro da Consciência Cristã, vitorioso evento que acontece em Campina Grande no período carnavalesco e que reúne milhares de pessoas de todo o País, enchendo hotéis e fomentando a economia local em tempo de grande êxodo de nativos para as praiasa da Capital.
“Vejo com muita preocupação o crescimento desse Encontro da Consciência Cristã”, sentencia Myrna denunciando que durante o período do evento não pode mais acontecer na cidade nenhuma manifestação carnavalesca, dentre elas o chamado “Carnaval Tradição” que acaba por silenciar – segundo ela – os ‘bois’, as ‘la ursas’ e as ‘troças’.
Segue o texto da bailarina:
“Vejo com muita preocupação o crescimento desse Encontro da Consciência Cristã. Primeiramente, lamento que ele tenha “engolido” o evento original, que tinha/tem o objetivo de ser um encontro ecumênico, trabalhando contra a intolerância religiosa.
Fui plateia por muitos e muitos anos. Era bonito de ver a cidade tomada pela pluralidade religiosa. Era bonito ver a plateia do Municipal tomada por pessoas das mais diferentes crenças, pensando junto.
Hoje, temos guetos religiosos, cada um com seu evento separado e, pior, alguns distribuem panfletos nos sinais demonizando as outras fés.
É triste de ver!
Agora, talvez por exigência dos intolerantes (não tenho dados para afirmar ao certo), durante o período do evento, Campina Grande não pode ter NENHUMA manifestação carnavalesca.
Sabiam dessa? Os bois, as A La Ursas e as troças foram todas silenciadas. O Carnaval Tradição tem que acontecer antes, para não perturbar os intolerantes.
Bom, fui ver a programação da NOVA (velha?) Consciência Cristã e fiquei bastante preocupada. E, deixando claro, não se trata aqui, de desrespeito à crença alheia, não é isso. Trata-se de uma preocupação político-ideológica.
O que mais me deixou surpresa nem foi a palestra “O cristão e a corrupção”, que será proferida pelo Dallagnol (pasmem!). Mas, na sequência, vi temas, a serem debatidos, como: O Cristão e a Cultura e Cientistas Cristãos. Ora, isso sim, é preocupante. A gente acha que não, a gente deixa pra lá, a gente esquece que, cada vez mais, em nosso país, cresce a bancada da Bíblia, intervindo no Estado, que deixou de ser laico (se é que já foi).
Preocupante!
Vejam a Ciência sendo golpeada, perdendo verbas para pesquisa, em tempos que até a terra passou a ser plana! Tempos em que a arte e a cultura são perseguidas e censuradas!
Esse é um forte projeto de Estado, não se enganem! Revestem-se do nome de Deus, para condenar, perseguir e violar direitos. É grave, mas a gente acha que não! E ainda tem palestra sobre como tratar a Ansiedade com a Bíblia!
Respeito a crença de cada um, quando ela também se propõe a respeitar. Respeito a crença quando ela não interfere nas políticas públicas de direitos e inclusões.
Eu quero uma NOVA CONSCIÊNCIA, apenas, sem rótulos, uma CONSCIÊNCIA HUMANA, pelo respeito às diferenças de pensamento, de raça, de orientação sexual, de manifestações culturais, que respeite os bois de carnaval do Zé Pinheiro. Deixem os bois em paz! (por Myrna Agra Maracajá)”.
Fonte: Da Redação
6 Comentários
Concordo contigo m MYrna, esse mercantilismo religioso não pode nem deve imperar
O que aconteceu com tradicional ENCONTRO DA NOVA CONSCIÊNCIA, que soía ocorrer nesta época do ano, em Campina Grande? Foi engolido pelo evangelhicalismo sectário???
Concordo com ela. Não atingiu os evangélicos e sim o mercantilismo.
Apoiada!
Essa jovem intolerante esqueceu-se da LIBERDADE de culto, de expressão e manifestação do pensamento???
Os promotores do “Encontro da Consciência Cristã” jamais pediriam a suspensão do carnaval de rua de Campina Grande, só por causa desse evento, até porque seria uma ordem impossível de executar. Ademais, o carnaval de Campina sempre foi em João Pessoa.
Quanto aos temas das palestras e os convidados para proferi-las, isso é da responsabilidade dos organizadores e, certamente, atende às expectativas do público alvo do evento, que, inclusive, pode inquirir os respectivos prolatores.
Chega de intolerância, seja qual for o viés ideológico.
O último carnaval que Campina teve foi com o Maestro Cipó no Campinense Clube na década de 1970… A cidade conseguiu criar uma alternativa para quem não gosta de furdúncio, agora a turma da verba pública nunca se satisfaz ! Haja Paciência !
O cristianismo é sua luta pelo poder mundano está transformando nosso país em uma sucursal do inferno, são pessoas ranzinzas revoltadas contra quem expressa qualquer sinal de alegria ou felicidade!