Por Chico Pinto Neto
Sacristãos que baloiçam os turíbulos estão inertes, recolhidos e sem a especial essência que adentrava n’alma, nos purificava e efervercia os nossos sentimentos religiosos.
Foram recolhidos aos lugares mais recônditos, secretos das igrejas e catedrais do nosso país.
Enquanto isso, os sinos já não mais ressoam na defesa da dignidade humana e da paz religiosa.
Perderam os seus badalos!
Tudo isso pela falta de grandeza dos nossos atuais Cardeais, Bispos, Frades e Padres. Grande parte, hoje em dia, vive de benesses do poder público.
Com pouquíssima excessão, aqui e ali, alguém mais corajoso se indigna contra o que vem se verificando com essas prisões arbitrárias, censuras e medo imposto à população brasileira.
Os seus órgãos episcospais representativos, tipo CNBB, Presbiterado, Diáconato e tantos outros estão de matraca emudecidas.
Diferentemente do período ditatorial dos anos sessenta, hoje não temos mais corajosos bispos da estirpe de Dom Helder Câmara, Dom Aloisio Lorscheider, Dom Paulo Evarista Arns, Dom Pedro Casaldaliga, Dom Luciano Mendes, Dom Marcelo Cavalheira, Dom Eugênio Sales, Dom José Maria Pires e tantos outros, que se envolviam com rigidez e grandeza na defesa dos encarcerados.
Esses, sim, combatiam com vigor e coragem as aberrações da ditadura e ficavam lado a lado do povo, reagindo e incentivando um bom combate contra as torturas e outras arbitrariedades.
Hoje não se escuta mais a palavra incisiva da Igreja Católica, contra as prisões de centenas de pessoas que participaram de uma manifestação, que culminou com a destruição do patrimônio público ocorrido no último 08 de janeiro.
Neste dia, alguns dos manifestantes foram, além da conta, e destruíram parte do patrimônio pertencente aos Três Poderes da República.
Esses, sim, os verdadeiros baderneiros, deveriam ser identificados, presos, julgados e condenados. Isso se houvesse interesse de se apurar à verdade na sua inteireza.
Porém, muitos daqueles encarrecerados, foram vítimas de artimanhas, por curiosidade e negligência. Não enxergaram a tempo que o perigo estava a espreita.
No entanto, a justiça, comandada pelo ministro Alexandre de Morais, sem a obtenção de provas contundentes- câmeras foram apagadas propositadamente e a força publica foi dispersada – o que permitiu que se colocassem todos os manifestantes no mesmo “balaio”. Ou melhor, em ônibus disfarçados com destino ao pátio da Polícia Federal em Brasília
Foram transformados em boiadas, com endereço certo: o matadouro. Nesse caso específico ao calabouço prisional da famosa Papuda.
A forma como os fatos foram apurados sem a presença de advogados e, até mesmo, do MP, o que permitiu que inocentes respondam por penas absurdas, incoerentes e injustas.
Morais, a cada prisão determinada por ele, entra em êxtase, como se estivesse diante do píncaro da glória.
Por suas atitudes fora da curva, a Lei Penal, desfaçadamente está sendo substituida por casuismos, malabarismos e chicanas jurídicas.
Não se respeita mais, até mesmo, a nossa Constituição.
Para se ter uma simples ideia, da realidade juridica, sequer a individualização das penas foi feita, deixando todos num barco à deriva, a mercê da canetada sub-humana de Morais.
As instâncias judiciais foram relegadas e os julgamentos estão inseridos na pauta do STF, sob mão de ferro e a bel prazer de Alexandre de Morais.
As masmorras da Papuda, em Brasília, estão super lotadas de idosos, mães e pais de família, sem direito sequer, a um julgamento justo, que permita recorrer à outras instâncias. Estão no cume do judiciário sob a complacência dos demais membros da Côrte.
São lhes negados o amplo direito de defesa, advogados sequer têm acesso aos processos e aos julgamentos, sob a alegação de segredo de justiça.
As sentenças absurdas são dadas, através de decisão, anunciadas pelo sistema de Internet, com a assinatura de Alexandre de Morais, sem a presença de advogados de defesa e até mesmo do Ministeo.
As penas, geralmente, variam de 12 à 17 anos em regime fechado.
É, aqui, que questiono à falta de membros superiores da Igreja Católica e do Clero em geral na defesa desses apenados, como fizeram com coragem e muita disposição durante a “rebordosa” de 64, período em que “peitaram” as Forças Armadas contra a tortura e prisões absurdas.
Muito das vezes sob a ameaça das baionetas, das bombas de gás e dos cartuchos dos fuzis e metralhadoras disparados pelos jagunços da ditadura.
Por onde anda, hoje, a CNBB e os seus puxadinhos. Não se ler sequer um artigo na defesa desses prisioneiros de hoje, acusados de participarem de um “golpe” repleto de incoerência e sem provas cabais.
É de se perguntar onde e quando já se viu golpe em dia de domingo, sem canhãos nas ruas e sem as forças militares foras dos Quartéis.
Já o nosso episcopado se recolheu ao voto de silêncio e a conivência, talvez, temendo, que o Brasil se torne uma nova Nicarágua e eles sejam escorraçados por ditadores, sob a equiescência do Papa Chico.
So sei, que sinto falta, do cheiro das essências antes exalado pelos baloiça dos turíbulos.
Hoje, só nos restam a vaporização do enxofre, enxovalhado por aqueles que, bem poderiam, contribuir com mais vigor exigindo mais democracia no Brasil.
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RECOMENDÁVEL A LEITURA CUIDADOSA DOS “AUTOS” PARA GARANTIA DE OPINIÃO FUNDAMENTADA. O PROCESSO É GIGANTESCO, SOBRECARREGADO POR ENORME QUANTITATIVO DE PROVAS MATERIAIS; PERICIAIS E DOCUMENTAIS. NÃO PODE SER UMA LEITURA COMO AQUELA DA SENADORA DAMARIS QUE AFIRMOU TER LIDO MAIS DE TRÊS MIL PÁGINAS DE UM PROCESSO, EM UM SÓ FIM DE SEMANA. AGINDO ASSIM O OPINADOR ESTARÁ SE AFIRMANDO COMO QUEM, EFETIVAMENTE LEVA INFORMAÇÕES DE QUALIDADE AO DESTNATÁRIO DO SEU TRABALHO. DE OUTRO MODO SERÁ MERAMENTE UM DEFORMADOR DE OPINIÃO.