Besteira” era um presidiário preto, com pena de mais de 30 anos por ter matado um homem e estuprado a mãe do morto. Preto atarracado, feio como uma noite sem lua, frio, era capaz de matar, beber o sangue do morto e sair palitando os dentes com o fio de cabelo do defunto.
Dizem que nem a mãe o aguentava. Mas eu duvido muito que alguma mãe renegue o filho, mesmo marginal.
Conheci “Besteira” quando fui interrogá-lo na prisão do Serrotão, em Campina Grande, para onde foi mandado depois de comandar uma fuga no Monte Santo, o outro presídio de Campina.
Ele, é certo, serviu de bucha para um preso mais esperto. O sujeito recebeu um revólver que foi mandado escondido numa bola de futebol e, confessando que não tinha coragem de usá-lo, perguntou a “Besteira” se ele o faria. O idiota topou na hora.
No dia seguinte, dia de visita, todo mundo afrouxado, mulheres e crianças entrando no pátio,”Besteira” puxou o 38, apontou para o guarda que ficava no portão principal armado com uma doze e anunciou a tomada do presídio. O guarda pinotou para fora e fugiu. Cerca de 12 presos escapuliram. Metade foi recapturada no mesmo dia. “Besteira” estava no meio.
Quando se apresentou a mim no dia seguinte parecia um ET. Apanhou de fazer dó. Mas nem por isso choramingou sua sorte. – Foi uma besteirazinha -, confessou, olhando o vazio.
Colocaram ele no isolamento e, pela meia noite, dez presos que não gostavam dele – o irmão e filho das suas vítimas estavam no Serrotão -, invadiram o isolado onde ele se encontrava. “Besteira” ainda se agarrou com o da frente. Mas o preso conhecido por “Piancó” enfiou o espeto na sua barriga que varou do outro lado. Para puxar o espeto de volta “Piancó” teve que usar o pé como se fosse um guindaste.
1 Comentário
Besteira mesmo!!!
Cadê as domingueiras???