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Bilhetinho de Aldo Lopes

21 de abril de 2019

Os tempos mudaram, meu caro Tião. Semana passada acompanhei, estupefato, a catedral de Notre-Dame em chamas, os parisienses no meio da rua, uns chorando e outros cantando hinos religiosos. Tudo isso em tempo real. Júlio Verne, o percussor de todas as ficções científicas, também francês, escreveu um livro chamado Paris 2000, onde descreve vários inventos do homem do século 21, dentre eles o telex, que já é peça de museu. Não achou editor. Eles consideraram uma sandice total alguém escrever um texto em Paris e o papel ser impresso imediatamente em Nova Iorque. Por aí você tire.

Foi o que aconteceu comigo em novembro de 2016. Fazia quase um mês que eu não recebia notícias de Princesa, quando peguei o notebook e num átimo lá estava diante de mim o Blog do Tião. Tomei um choque de realidade e enfinquei os pés no chão, no exato momento em que o dono do blog perguntava numa daquelas rapidinhas de sábado: “por onde anda Aldo Lopes?” Me dei conta de que eu estava no Japão, do outro lado do mundo, então dei a notícia ao nosso conterrâneo e disparei uma foto tirada numa das principais avenidas do oeste de Shijunku, centro financeiro e administrativo de Tóquio.

Eu não ia mandar a foto, tampouco ia dar a notícia de onde eu estava, mas a pergunta do amigo atiçou-me a vaidade, sendo de qualquer forma uma autorização, com o respaldo luxuoso do jornalista que construiu seu próprio espaço e hoje conta com vários milhões de acesso. Naquele momento, imagine se eu fosse depender de um jornal impresso? Como comprar o Correio da Paraíba ou O Norte, este já sepultado, para ler a coluna de Tião naquele fim de mundo? Lembrei-me de Eije Kumamoto, o japonês guarda-livros de Zé Pereira, que saiu de Kagoshina em 1905 e embarcou no porto de Yokohama, três meses de viagem para o Brasil. “Leve esse recado para Tião Lucena”. “Diga a ele que mande um Correio da Paraíba pelo portador”. Estive nesses dois lugares, fantasiei uma viagem na caverna do tempo e me ajoelhei em homenagem ao velho samurai do Sertão.

Os tempos mudaram, meu bom Tião. Não dependemos mais desses dinossauros. A tecnologia é Deus. Basta um clique em qualquer smartfone e você escreve para o mundo. É a tal aldeia global de que tanto falavam os mamutes docentes dos cursos de comunicação. Antigamente certos donos de jornais se achavam uns deuses do Olimpo, se arvoravam de donos absolutos da notícia, da verdade, derrubavam governadores e presidentes. As redes sociais mudaram o ritmo da orquestra, a pancada do bombo. A tecnologia cria coisas que jamais sonhou a nossa vã filosofia.

Anexado a essa boa lembrança de viagem, remeto-lhe congratulações por este espaço maravilhoso e por nossa amizade. Essas congratulações são extensivas a Deus, Albert Einstein e Steve Jobs, no Paraíso.

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6 Comentários

  • Reply aldo lopes de araujo 21 de abril de 2019 at 14:33

    Tião, em respeito aos seus leitores, entendi de fazer algumas correções a estes mal traçadas linhas. A palavra certa é “milhões de acessos”, como certa é a palavra Shinjuku, centro de Tóquio. E Kagoshima é o lugar onde nasceu o Sr. Eije, o imigrante japonês que o coronel Zé Pereira encontrou em Recife e o convidou para trabalhar com ele em Princesa. E é só.

    • Reply Sebastião 22 de abril de 2019 at 10:44

      Sinjuku e kagoshima se parece com uma coisa. Ou duas.

  • Reply aldo lopes de araujo 21 de abril de 2019 at 21:03

    Tião, Júlio Verne jamais foi um percussor. Isso aí é coisa de pistola e espingarda. O escritor nascido em Nantes, na França, foi o precursor de muitas conquistas científicas, como a viagem à lua e outras lombras escalafobéticas. Aproveitando o espaço, eu te pergunto: teu livro mais recente está à venda na Livraria do Luiz?

    • Reply Sebastião 22 de abril de 2019 at 10:42

      Ta não. O teu tá aqui

  • Reply Inácio Rodrigues 22 de abril de 2019 at 06:08

    Fará falta ao Rio Grande do Norte e a PC. Grande Aldo!

  • Reply aldo lopes de araujo 22 de abril de 2019 at 12:16

    A rigor, Tião, o nome completo é Shinjuku-ku. E a linha principal de metrô da grande Tokyo é Odakuline. Mas lá é civilizado, ninguém mexe com essas coisas não. Também não existe violência, nem lixo. Ninguém sabe o que é assalto à mão armada. Diferente do Brasil. Aqui, você pode tomar no “Shinjuku” a qualquer momento. Tem sempre um assaltante com a arma apontada para lhe roubar. Esse Inácio Rodrigues aí é o delegado que eu te falei. Ele foi “pinçado” de uma delegacia do interior para ser o diretor de polícia de todo o estado do Rio Grande do Norte, por conta de seu talento e profissionalismo. E tá dando conta do recado. Leitor do seu blog. Leitor voraz.

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