O desembargador Miguel Levino integrou uma Corte de Justiça que dava gosto só de ver. Era ele e mais Simeão Cananéia, Joaquim Sérgio Madruga, Rivando Bezerra, Arquimedes Souto Maior Filho, Wilson Cunha, Silvio Porto, Josias Pereira, Luiz Bronzeado, Almir Carneiro da Fonseca, Nilo Ramalho, Martinho Lisboa, entre outros que agora a memória guarda no escondidinho do esquecimento. Assistir a uma sessão do pleno era uma aula de Direito. Não havia quem não mantivesse aquele ar de respeito diante da autoridade do desembargador que expunha seu voto.
O conheci mais de perto numa viagem a Princesa. Doutor Joaquim Madruga, então presidente do TJ, juntou todos num ônibus e foi visitar o sertão, numa viagem itinerante que passou pelo cariri, chegou a Princesa e retornou por Teixeira. Eu não era desembargador, mas fui como convidado.
No caminho, a turma parecia um grupo de adolescentes contando anedotas e bebendo Rainha. Na festa de Princesa, com direito a discursos e show musical, a consagração do filho que saíra puxando uma cachorra e voltara rodeado de desembargadores.
Na volta por Teixeira, uma parada estratégica na granja do desembargador Josias para tomarmos a saideira e infringir a lei, comendo arribaçã como tira gosto.
Tudo feito às claras, sem medo de pecar.
Eles, os cultores da lei, as maiores autoridades do Estado, desnudavam o seu lado humano e mostravam que, para se fazer respeitar não é necessário acionar a prepotência ou a arrogância.
O mundo correu. Aquela Corte de tantas lembranças foi atingida pela aposentadoria. Muito morreram, outros se recolheram ao merecido repouso.
O tempo, cruel e impiedoso, não faz exceções nem para os que são bons. Vi Simeão ir embora, vi Arquimedes, Bronzeado e Sílvio também. Agora chegou a vez do doce e terno Miguel Levino.
Decerto o chamaram ao céu para completar o quórum do Tribunal Divino encarregado de julgar os nossos pecados.
Boa viagem, guerreiro!
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