opinião

BOB MARLEY

3 de março de 2024

Por GILBERTO CARNEIRO
ESSA semana, acompanhado da Doutora Ana Patrícia, fui assistir “Bob Marley: One Love”.A cinebiografia narra a história da lenda do reggae e de um dos maiores artistas de todos os tempos da música internacional. O filme aborda outro aspecto interessante da vida do pop, a influência no gênero musical jamaicano do RASTAFÁRI, religião fundada em 1930 por Marcus Garvey, da qual Marley era o principal ícone.
O Rastafári tem origem jamaicana, mas com influências africanas, especialmente da Etiópia e cristãs. A religião virou uma forma de resistência e libertação do colonialismo britânico responsável por escravizar a população negra jamaicana, porém como o próprio Bob dizia: “- o Rastafári, é acima de tudo, um estilo de vida”.
Em algumas comunidades que praticam o Rastafári é comum a poligamia. Marley teve 12 filhos com diferentes parceiras, muito embora o filme reconheça Rita Marley como a sua companheira inseparável, que inclusive fazia parte da sua banda, uma das I Threes, do trio vocal.
É comum os seguidores do Rastafári buscar uma conexão com a natureza, evitando uso de comidas artificiais e priorizando a alimentação natural. A cannabis é considerada uma erva medicinal e seu uso tem como propósito a elevação espiritual e o tratamento de enfermidades. Uma das questões controversas na vida do cantor e compositor foi o mistério em torno da causa da sua morte. Como se sabe faleceu muito jovem, com 36 anos, por complicações decorrentes de uma lesão no dedão do pé jogando futebol. Alguns depoimentos afirmam que sua vida teria sido prolongada caso tivesse amputado o membro.  O filme esclarece a dúvida, revelando que o cantor possuía um tipo de câncer de pele raro e que a lesão apenas aflorou a doença. No entanto, por razões pessoais e ideológicas, recusou fazer o procedimento cirúrgico, optando por recorrer a terapias alternativas que infelizmente não tiveram eficácia.
O filme expõe de forma lateral a questão da guerra civil na Jamaica em 1976. Bob quis realizar um espetáculo gratuito em tributo a paz e à união da juventude. Dois dias antes do show invadiram sua residência e fizeram vários disparos de armas de fogo contra os integrantes da banda. Marley e outros dois companheiros foram seriamente atingidos, mas sobreviveram. Por força da sua militância em prol da paz recebeu a Medalha da Paz do Terceiro Mundo, honraria  concedida pela ONU em 1978.  Um gesto desta característica benevolente talvez seja um dos momentos mais emocionantes do filme, quando Bob é surpreendido em casa pelo cara que o tentou matar, e este, atormentado, diz que retornou para pedir perdão. Bob com seu olhar enigmático o tranquiliza: ” – está perdoado. Pode ir em paz”.
Mas o filme também traz momentos em que Bob protagoniza cenas engraçadas. Uma hilária  é quando, durante uma coletiva de imprensa, a repórter pergunta se era verdade que ele consumia meio quilo de maconha por dia. E ele, com a tranquilidade e serenidade que lhes eram peculiares, responde: ” – sabia que eu nunca pesei? Obrigado por perder seu tempo e medir para mim”.
A obra  de Bob Marley trata principalmente de temas políticos-sociais e espirituais. Dedicado a protestar contra injustiças sociais Marley é mundialmente celebrado, não como maconheiro, mas como uma das vozes mais ouvidas em todo o mundo denunciando através da sua música a miséria, a injustiça social, o racismo e o preconceito. Um símbolo da resistência negra.
A trilha sonora é embalada pelos grandes sucessos da sua carreira e existe um apelo natural aos shows. Kingsley, que interpreta Bob, é  um jovem ator desconhecido, escolhido por Ziggy Marley, filho adotado de Bob, pela sua espontaneidade. O ator emociona cantando canções marcantes como:  Is Thais Love, Threes Little Birds, Could You Be Loved  e o clássico One Love que atribui nome ao filme.
“One love, one heart, let’s get together and feel alright –

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