Bolsonaro, cadê minha aposentadoria?

Ainda não procurei saber o que sobrou pra minha aposentadoria depois dessa reforma proposta pelo presidente Bolsonaro. Preferi ficar de longe, fazendo de conta que não é comigo. Fica melhor. Ultimamente ando com o emocional meio fracoso e tenho um certo sobrosso de enfrentar coisas polêmicas como essa da minha aposentadoria.

Negócio seguinte: Tenho idade e tenho tempo. Mas não quero me aposentar agora porque, se o fizer, vou ganhar menos.

Por ter idade e tempo, ganhei o direito adquirido?

Bolsonaro é um felizardo. Aposentou-se como capitão ainda na adolescência e ficou ganhando dois salários. Ainda hoje ganha como presidente e como capitão reformado. E a reforma dele, agora me lembrei, não atinge o povo da farda. Advogou em causa própria e deixou de fora o dele e o dos seus colegas.

Como eu não visto farda, infelizmente, entro no time dos atingidos. E tenho cá comigo a dúvida atroz quanto ao direito adquirido. Cadê o meu jurista preferido aí do outro lado para me tirar a dúvida?

Só sei que aumentaram o tempo para a turma se aposentar. Agora o sujeito só se aposenta quando estiver usando bengala, fraldão, sunga para cunhão dilatado e dois dentes na boca, um pra doer e outro pra abrir garrafa.

Vai ser um colosso ver a multidão de velhinhos na repartição procurando o carimbo, o grampeador, o papel ofício, o mata borrão, essas coisas que ainda se usam nos locais de trabalho.

E de vez em quando se repetir aquele episódio do velho de Bayeux, que ao chegar para o expediente todo mijado, explicou-se:

-Fiquei apertado no caminho, me escorei no poste, puxei a bicha, mijei bem muito e só quando fui guardar descobri que, em vez da trouxa, puxei o ovo.”

Mas vamos pra frente. Aguardo as instruções dos meus juristas de plantão. E somente depois tomo a providência que o caso requer. Por enquanto, continuo espiando de longe, fazendo de conta que não tenho nada a ver com essa confusão.