“Se estiver envolvido e, logicamente, responsabilizado, lamentavelmente o destino não pode ser outro a não ser voltar às suas origens”, afirmou Bolsonaro em entrevista exibida pelo Jornal da Record na noite desta quarta-feira (13) e gravada ainda no Hospital Albert Einstein, antes de ele receber alta.
Bolsonaro afirmou ainda que determinou à Polícia Federal que investigue o caso e que deu carta branca ao ministro Sergio Moro (Justiça).
A revelação do esquema de candidaturas laranjas do PSL pela Folha provocou uma crise no governo de Jair Bolsonaro, alavancada pelo ataque nesta quarta do vereador Carlos Bolsonaro, filho do presidente, a Bebianno.
Carlos disse em rede social que o ministro mentiu ao afirmar que havia conversado três vezes com Bolsonaro —numa tentativa de negar a informação de que seria alvo de desgaste.
Mais tarde, Carlos divulgou um áudio no qual o presidente da República se recusa a conversar com Bebianno: “Gustavo, está complicado eu conversar ainda, então não vou falar com ninguém, a não ser o estritamente essencial”.
O próprio presidente endossou o ataque do filho ao ministro à noite, quando compartilhou a postagem. Na entrevista à Record, Bolsonaro também negou ter debatido com Bebianno. “Em nenhum momento conversei com ele.”
Segundo a Folha apurou, ele esperava que Bebianno pedisse demissãojá no começo de quarta, para que saísse do hospital onde esteve internado em São Paulo e chegasse à tarde a Brasília com um trunfo para conter os impactos do caso. O ministro, porém, disse que não pretende se demitir e que aguarda pelo presidente.
Bolsonaro evitou generalizar a crise envolvendo o PSL. “É uma minoria do partido que está envolvida nesse tipo de operação.”
No centro da crise envolvendo candidaturas laranjas estão o presidente atual do PSL, o deputado federal Luciano Bivar (PE), e Bebianno, que estava no comando no ano passado.
Reportagem da Folha de domingo (10) revelou que o grupo de Bivar criou uma candidata laranja em Pernambuco que recebeu do partido R$ 400 mil de dinheiro público na eleição. O dinheiro foi liberado por Bebianno.
Maria de Lourdes Paixão, 68, que oficialmente concorreu a deputada federal e teve apenas 274 votos, foi a terceira maior beneficiada com verba do PSL em todo o país, mais do que o próprio presidente Bolsonaro e a deputada Joice Hasselmann (SP), essa com 1,079 milhão de votos.
A candidatura laranja virou alvo da Polícia Federal, da Procuradoria e da Polícia Civil.
Nesta quarta, a Folha revelou ainda que Bebianno liberou R$ 250 mil de verba pública para a campanha de uma ex-assessora, que repassou parte do dinheiro para uma gráfica registrada em endereço de fachada. O ministro nega qualquer irregularidade.
Bolsonaro irritou-se com Bebianno e chegou a gritar com interlocutores ao telefone de dentro do hospital, exasperado com a situação e os relatos do ministro de que não havia desgaste.
O ministro Onyx Lorenzoni, chefe da Casa Civil, de outro lado, buscou amenizar, atribuindo ao pouco tempo de governo a nova crise.
“Temos 40 dias de governo, o presidente ficou quase 20 hospitalizado, temos que ter paciência, temos que ir com calma”, afirmou. “O ministro Bebianno é uma pessoa super dedicada ao projeto, homem sério, responsável, correto, essas coisas são naturais num processo que está iniciando.”
“É como um time de futebol, nem sempre o lateral se acerta bem com o ponteiro, às vezes o cara da meia cancha demora a ligar com o atacante, que está sempre em impedimento”, completou.
Na semana passada a Folha havia publicado que o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, patrocinou um esquema de candidaturas de fachada em Minas que receberam recursos volumosos do fundo eleitoral do PSL nacional e que não tiveram nem 2.000 votos juntas. Parte do gasto que declararam foi para empresas com ligação com o gabinete de Álvaro Antônio.
Após essa revelação sobre o ministro do Turismo, o vice-presidente, general Hamilton Mourão, afirmou que esse caso deveria ser investigado. A Procuradoria-Regional Eleitoral de Minas Gerais decidiu apurar o caso.
Na entrevista à Record, Bolsonaro também falou sobre o vice, Hamilton Mourão, que deu declarações que provocaram desconforto em aliados no período em que o presidente estava no hospital.
“Foi escolhido por mim, é um colega da Academia Militar das Agulhas Negras, paraquedista, e passou com certa tranquilidade, em que pesem em alguns momentos ele dar uma escorregada no tocante a declarações junto à mídia. Falta-lhe um tato para conversar com vocês”, disse.
“De vez em quando acontece, já dei muita canelada no passado. Vou conversar de novo com o Mourão, temos um bom diálogo, um excelente diálogo, e pode ter certeza que cada vez mais o Mourão estará preparado para, numa eventualidade, me substituir.”
2 Comentários
Saber que somos governados por um milico cuja arma mais letal é a falta de competência para governar o Brasil, analfa para governar um país desse tamanho. è aterrador. Na verdade foi posto lá por fascistas que sairam do armário, empresários predadores junto a uma crentaiada ignorante. É um cenário de dante
Pau que bate em CHICO (Bebiano) não é o mesmo que bate em FRANCISCO (Flávio & Queiroz).
Brasil “quase” acima de todos… Até parece uma guerra de facções!