Em um desafio explícito ao STF (Supremo Tribunal Federal), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) declarou abertamente que não respeitará “qualquer decisão” do ministro Alexandre de Moraes, incitando apoiadores contra a Corte. Bolsonaro xingou o magistrado de “canalha” e pediu sua saída diante de milhares de apoiadores em plena Avenida Paulista, região central de São Paulo, nesta terça, feriado de 7 setembro, da Independência do Brasil. Qualquer decisão do senhor Alexandre de Moraes, esse presidente não mais cumprirá. Moraes é o responsável por inquéritos que apuram o financiamento e a organização dos atos antidemocráticos .
E continuou atacando: “Temos um ministro dentro do Supremo que ousa continuar fazendo aquilo que nós não admitimos.”
O chefe do Executivo federal afirmou ainda: “Um ministro que deveria zelar pela nossa liberdade, pela democracia, pela Constituição, faz exatamente o contrário. Ou esse ministro se enquadra ou ele pede pra sair”. Em outro trecho, repetiu: “Não vamos mais admitir pessoas, como Alexandre de Moraes, que desrespeitam nossa democracia”.
O titular do Planalto questionou a independência do Supremo. “Respeitamos todas as instituições. Quando alguém do Poder Executivo começa a falhar, eu converso com ele. Se não se enquadra, eu demito. Quando um deputado ou senador começa a fazer algo que está fora das quatro linhas, ele é submetido ao conselho de ética e pode perder seu mandato. Mas no STF isso não acontece.”
“Nunca serei preso”
Bolsonaro também atacou aqueles que mencionam a possibilidade de impeachment ou apontam supostos crimes cometidos por sua administração. “E dizer àqueles que querem me tornar inelegível: só Deus me tira de lá”, disse o presidente. Ele também avisou: “quero dizer aos canalhas que eu nunca serei preso!”
Assim como em Brasília, ele voltou a falar sobre a possibilidade de não seguir a Constituição: “A indignação de vocês foi crescendo. O nosso povo sempre primou pela liberdade, sempre respeitamos as leis e nossa constituição. Esse presidente que vos fala sempre esteve dentro das quatro linhas da constituição. Agora, chegou o momento de dizermos às pessoas que abusam da força e do poder, de dizer que agora tudo vai ser diferente”.
O presidente fez seu discurso no alto de carro de som localizado perto do Parque do Trianon. O trecho na Avenida Paulista chegou a ser isolado por grades para possibilitar o acesso do presidente ao local.
2 Comentários
Enquanto isso aqui em nós, os ricos, os metidos a ricos, e um bando de canalhas do jornalismo, defendendo um canalha deste, alimentos caros, gaz caro, tudo de primeira necessidade caros pra o povo mais humilde, desvios de dinheiro, mortes causada por desmandos e desvio, gasolina cara, nos vivemos num pais que o cara vem te roubar estuprar e vc ainda diz obrigado e volte sempre e viva a Rachadinha e a hipocrisia .
Bolsonaro caminha para a sua Batalha de Itararé.
Publicado por Moisés Mendes –
7 de setembro de 2021
Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly é o pai do humor político no Brasil. Muito do que se faz ainda hoje na tentativa de esculachar com os personagens dos pântanos de Brasília tem inspiração no que ele fazia sempre com muito anarquismo.
Pois Apparicio Torelly (foto) talvez não fosse o que acabou sendo se não tivesse se tornado o Barão do Itararé. Seria apenas Apparicio.
Hoje, poucos o conhecem pelo nome. A maioria sabe dele porque era barão. O único barão capaz de concorrer com o de Itararé em fama e prestígio foi o Barão de Mauá.
A famosa história do título do humorista gaúcho (uns dizem que não nasceu na cidade de Rio Grande, que seria uruguaio), o criador do jornal A Manha, em 1925, é única.
Quando Getúlio Vargas partiu de trem do Rio Grande do Sul em direção ao Rio, no que viria a ser a Revolução de 30, espalhou-se por toda parte que o Brasil assistiria em São Paulo a uma batalha sangrenta.
A mais célebre de muitas batalhas esparsas, de tão anunciada, foi a Batalha de Itararé, que colocaria em confronto as tropas do presidente Washington Luís e os que se aliaram a Getúlio.
A Batalha de Itararé aconteceria, claro, em Itararé, um município de São Paulo. Torelly tirou muito sarro da tal batalha sangrenta. Mas a Batalha de Itararé nunca existiu.
Os grupos ligados a Washington Luís estavam blefando. Não havia como resistir. Não aconteceu a Batalha de Itararé porque houve um acordo para que Washington Luís entregasse o poder sem resistência.
Como a batalha foi abortada por barganhas, Torelly concluiu que todo mundo ganhou alguma coisa para se acomodar politicamente. E ele, tão entusiasmado com o que seria a batalha, havia ficado sem nada.
O humorista decidiu então dar a si mesmo alguma coisa e se autointitulou Barão de Itararé, aos 35 anos, depois de chegar a pensar em ser um duque, um título ainda mais importante. Barão era mais sonoro.
O Barão de Itararé foi comunista, foi preso, foi torturado e sempre resistiu com humor, inclusive às arbitrariedades cometidas por Getúlio contra os deboches do seu jornal. Morreu em 1971 com 76 anos.
Batalha de Bolsonaro
O que ele poderia nos dizer hoje é que, de tanto blefar com o golpe, Bolsonaro pode na verdade estar construindo a sua Batalha de Itararé. O Bolsonaro acuado hoje é o Washington Luís sem poder algum de 1930.
O golpe de Bolsonaro é um embate do sujeito contra o Supremo, contra a democracia e contra o seu destino, e é bem provável que a grande batalha do golpe fique no blefe. O 7 de setembro tem todos os componentes para ser grandioso e também para não ser nada no golpe que teima em não acontecer.
Bolsonaro talvez seja obrigado a entregar, não agora, mas daqui a pouco, o que ainda tem, para não perder o que pode ser salvo, mesmo que seja muito pouco. Esse pode ficar para a História como o Golpe de Itararé.