opinião

Botando a culpa nos outros

7 de março de 2021

Manoel Alencar
Eichmann, em seu julgamento, disse que não passava de um cumpridor de ordens. Um burocrata que apenas fazia o que seus superiores mandavam e, por isso, não tinha qualquer responsabilidade. Os seus superiores mandavam ele organizar o transporte de judeus para campos de concentração e de extermínio.
Paul Tibetts foi o piloto que jogou a bomba atômica, a qual deu o nome da sua mãe, em Hiroshima. Não em seu julgamento, mas em uma entrevista para a imprensa, disse que nunca perdeu uma noite de sono após destruir uma cidade com um ataque nuclear: “não há moralidade na guerra”, disse o general.
São poucos os que assumem suas responsabilidades, ainda mais quando do seus atos milhares de pessoas morreram.
Em Horoshima morreram cerca de 140 mil pessoas; a diligência de Eichmann levou pelo menos 400 mil pessoas para a câmara de gás.
Apesar da falácia de que a responsabilidade pelas ações de prevenção à Covid são dos estados e municípios, em uma hedionda delegação de responsabilidade, o que faz Bolsonaro é mais do que atribuir aos outros o desastre que ele está provocando no Brasil.
Ao fazer tudo o que não deveria fazer – negar a ciência, caçoar dos contaminados, ridicularizar a dor dos que perderam pessoas queridas – o presidente (com p minúsculo mesmo) se orgulha de ser o responsável direto pela morte de, hoje, mais de 260 mil brasileiros.
Ele sequer banaliza o mal, ele o incentiva.
Sem nada de concreto a apresentar ao Brasil, por incompetência e desinteresse, suas ações se limitam a agradar novéis aliados e a salvar seus filhos e a si mesmo dos escandalosos casos em que estão envolvidos.
Para ele, quanto maior o caos, melhor. O antagonismo é a única possibilidade de sua sobrevivência.
Argumentos estapafúrdios que utiliza para tentar se eximir da sua responsabilidade, somados a convicção de que apenas com atos imorais em uma guerra em que ele quis – exclusivamente- se meter, colocam o capitão em lugar diverso dos que assumiram Eichmann e Tibetts. Bolsonaro determinou a si mesmo o encargo de ser o burocrata da imoralidade. E que morram quantos forem necessários.

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2 Comentários

  • Reply Marconildo Gondim Levino 7 de março de 2021 at 06:33

    Bolsonaro, senhor da morte!!!

  • Reply João Marques 7 de março de 2021 at 11:42

    QUE MATERIA RIDICULA KKKKKKK VC VAI CHORAR MUITO AINDA MEU CARO TIÃO POIS 2026 AINDA ESTA LONGE. E SE SE CONTINUAR COM ESSE MIMIMI A GENTE LANÇA A LAURINHA BOLSONARO e MOURÃO NETO EM 2058. #fechadocombolsonaro #bolsonaro2022

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