Bruno joga no lixo “máscara” de bom menino e com “unhas de fora” peita João Azevedo mas MP lhe dá bordoada 

 

MARCOS MAIVADO MARINHO

Como gato do mato, foi exatamente no dia em que começou a botar as “unhas de fora” e desnecessariamente falar grosso no enfrentamento ao governador João Azevedo e suas medidas restritivas de combate ao coronavírus, que o jovem prefeito de Campina Grande, literalmente despindo-se da máscara de bom menino com a qual se apresentou ano passado ao eleitorado campinense, levou ontem sua primeira e grande bordoada do Ministério Público Estadual, que em longo documento recomendou que a prefeitura da maior cidade do Estado também cumpra todas as regras do decreto governamental, por ele repelidas até agora.

O petardo que aportou nas mãos de Bruno Cunha Lima, impondo-lhe a necessidade de uma nova tomada de visão para o seu negacionismo e, por extensão, a necessidade de se aliar obrigatoriamente às medidas do Governo do Estado quando o secretário de Saúde Geraldo Medeiros, amparado em números oficiais, lamenta que é em Campina Grande que está a maior taxa de transmissibilidade da COVID-19 no Estado, tem efeito de bomba de nitroglicerina para o ego do gestor da Borborema.

Os representantes do Ministério Publico Federal (MPF), Estadual e do Trabalho (MPT) assinaram um documento onde recomendam a prefeitura de Campina Grande a cumprir as regras do decreto do governador João Azevêdo, que impõe toque de recolher durante a noite, a suspensão de celebrações religiosas e limita o funcionamento de bares e restaurantes até às 16h para cidades em bandeiras laranja e vermelha.

A recomendação foi encaminhada nesta terça-feira (09) para a prefeitura de Campina Grande, após a polêmica por conta dos decretos do Estado e do município.

No decreto estadual a cidade foi enquadrada numa bandeira laranja, no último sábado, após o agravamento da pandemia na Paraíba, e a Bruno entende que a cidade não deveria ter tido a bandeira ‘rebaixada’.

MAIOR TRANSMISSIBILIDADE 

Campina Grande tem a maior taxa de transmissibilidade (Rt) de COVID-19, anunciou o secretário de Estado da Saúde (SES-PB), Geraldo Medeiros, durante entrevista coletiva que fez questão de conceder ontem a jornalistas campinenses no auditório do Hospital Trauma Dom Luiz Gonzaga Fernandes.

A cidade está na bandeira laranja dentro do Plano Novo Normal, divulgado no último sábado (07) e que entrou em vigência desde ontem.

– “Campina Grande hoje tem a maior taxa de transmissibilidade que é de 1.15, o que significa que cada 100 contaminados transmitem para outros 115”, revelou Geraldo Medeiros. A média no Estado é de 1.09, ou seja, 100 pessoas contaminadas contaminam 109 acompanhou.

De acordo com o secretário, essa taxa de transmissibilidade (Rt) está relacionada a ocupação de pacientes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), letalidade, grau de isolamento domiciliar e progressão de novos casos.

NEGANDO OS NÚMEROS

Ainda ontem, por videoconferencia, Bruno Cunha Lima disse aos representantes do Ministério Público que iria avaliar as recomendações, mas como “galo de Campina” desconheceu os números mostrados por Geraldo Medeiros e avisou:

– “É a cidade que tem a melhor situação epidemiológica do Estado. Estamos de portas abertas para pacientes da Paraíba e de outros Estados. Em um ano, adotamos uma estratégia de planejamento mais eficaz e com mais resultados que a própria Secretaria Estadual de Saúde. Temos feito a nossa parte e, portanto, vamos manter a nossa estratégia”.

Dedo em riste, contestou o secretário informando que a taxa de letalidade no Município é a menor do Estado, o índice de transmissibilidade, segundo os dados da Secretaria de Saúde municipal, se mantém em 0,9% e ressaltou: “a cidade nunca sofreu com a falta de leitos, como também está recebendo novos equipamentos, vem ampliando a fiscalização dos estabelecimentos comerciais e está integrada ao consórcio nacional para compra de vacinações. E tudo isto é feito com o pleno diálogo com todos os segmentos da sociedade”.