1BERTO DE ALMEIDA
Não vejo a situação como um “impasse”. Disse “impasse”. E muitos, talvez, nem saibam o que vem a ser isso. Por definição, para os poucos que ainda não sabem, impasse é uma condição ou situação que não apresenta uma solução favorável, que é difícil de ser resolvida.
Agora, esclarecido o que vem a ser isso, impasse, não tenho dúvidas de que o debate entre a prefeitura de Campina Grande x Cagepa – atentem que usei “debate”, não “impasse “ou “discussão” – sobre a concessão dos serviços de água e esgotos desse importante município paraibano, esses que são feitos ainda pela Cagepa e muito bem, vencida em 2014, acabará naquela do “é bom para um e não menos bom para o outro”.
A missão da Cagepa, aprendi e faz tempo, é a de atender as necessidades de Saneamento Ambiental da população, contribuindo para a melhoria de vida e da saúde pública de todos os paraibanos. E vem fazendo isso muito bem. E, por favor, não me venham ressaltar pequenos problemas pontuais, pois isso acontece com toda empresa que tem como objetivo a melhoria de vida e saúde pública de seus consumidores.
A Cagepa é plural no que toca sua missão dentro do Estado paraibano. Hoje os pequenos municípios, indistintamente, sobrevivem – acho que o termo “vivem”, nesse momento, não seria o mais adequado -com a ajuda dos grandes, como por exemplo João Pessoa, Campina Grande, Santa Rita, Bayeux, Patos, Souza, Cajazeiras, Guarabira e outros que considerando os citados são desnecessários enumerar.
Por tudo isso, sem tergiversação, podemos afirmar que não se pode pensar em separar esses mantenedores dos manutenidos(sic). As cidades mencionadas, especialmente Campina Grande x João pessoa são irmãs siamesas, formam uma dupla inseparável como Tico e Teco, Ping e Pong e Gip e o Nheco. Assim mesmo, comparações populares, para que esses entendam o motivo principal desse debate.
A separação dessas cidades não somente doeria nos campinenses, mas em todos os paraibanos. A dor dessa separação doeria a mais fundo ainda em todos aqueles “municípios irmãos” que de Campina Grande precisam. Seria assim como “privatizar” o melhor, deixando os que dependem desse morressem à mingua, por não terem outra fonte para matar a sede. A população campinense, essa em especial, solidária com os seus vizinhos, sempre, não se posicionado contra essa separação, estará incorrendo no malfadado ato de “abandono dos menores municípios incapazes”.
A Cagepa tem feito o que outra concessionária, sendo chamada para substitui-la, não fará esse que chamamos de “subsidio cruzado”. Por quê? Simples: a fome de lucros, lembrando o ótimo Fome de Lucros, de Bernardo Kucinski Robert J Ledoga, não permitirá. Assim, enquanto os mais pobres serão os mais prejudicados pela água mais cara, como ocorreria se de fato houvesse a separação entre Campina Grande e João Pessoa, a concessionária escolhida para executar os serviços nesse município, aumentaria os seus ganhos na mesma proporção em que a sede dos explorados aumentaria.
Pois isso mesmo, muitos sabem e poucos divulgam, por interesse próprio ou de outrem, o subsídio cruzado é um dos institutos mais importantes do saneamento básico, já que ele tem o condão de possibilitar a universalização do serviço para aqueles indivíduos que, em tese, não teriam condições de arcar com os custos necessários para usufruir dos serviços de abastecimento de água e de coleta de esgoto.
Não acho que há um impasse. A população paraibana, no geral, com essa separação, seria a única prejudicada. Seria mais ou menos o inverso daquele pensamento famoso do Homem de Areia, o nosso José Américo de Almeida, esqueceríamos a “pequena” tristeza de morrer de fome na terra de Canaã, para sentir uma tristeza maior ainda que seria a de ver o seu irmão morrer de sede na beira do rio
3 Comentários
A CAGEPA realiza um grande trabalho na parte de oferta e distribuição de água, isso não há o que contestar, também faz esse equilíbrio entre a oferta e cobrança dos pequenos municípios que são assistidos pelos maiores, que ao meu ver é essencial para a Paraíba. Por outro lado o tratamento e destinação final de esgoto são o maior absurdo em termos ambientais da Paraíba, infelizmente órgãos de controle como a SUDEMA pouco podem fazer já que também perecem ao governo, e governo não multa governo, e quando multa nunca é paga ( lembram do acidente de soda cáustica no rio Gramame). Basta visitar as estações de tratamento que ainda funciona no arcaico sistema de lagoas em série, que consegue remover parte da matéria orgânica (DBO), porém não necessária para abater os outros poluentes e torna esse esgoto tratado nos padrões de lançamento que exigem o CONAMA (420/11).
Muito preciso na sua alusão sobre a CAGEPA. PARABÉNS!
Sr. Sebastião,
Sou campinense de nascimento e coração. O escritor e jornalista 1berto de almeida tem toda razão. Não podemos estar do lado dos exploradores do nosso povo. A Cagepa é nossa. Um texto (nada mais natural) brilhante, bem escrito e arrazoado. O escritor disse muito bem: ” a separação dessas cidades não somente doeria nos campinenses, mas em todos os paraibanos”. Também achei de uma beleza singular a citação do nosso José Américo, a sua maneira. A Cagepa é uma só! Estamos nessa frente! Parabéns, 1berto, disse o que eu queria da melhor forma! Texto lúcido! Super bem escrito!