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CAMPINA FORA DAS PRIORIDADES DO GOVERNO – I O que a Primeira Dama não quis ver na ECAD que Ricardo Coutinho entregou “nos trinques”

19 de outubro de 2019

A primeira dama e seu séquito, distante dos problemas da ECAD

POR MARCOS MAIVADO MARINHO

Foi tudo muito bonitinho na Escola de Audiocomunicação Demóstenes Cunha Lima nesta quinta feira (17) durante a visita que a ela fez a senhora Ana Maria Lins, que vem a ser a nossa Primeira Dama estadual.

O ambiente é, de fato, merecedor da visita de gente fina e no organograma da Secretaria da Educação ele aparece como algo importante. Com modelo único em todo o País, a ECAD é uma escola cidadã e na gestão Ricardo Coutinho passou a funcionar em tempo integral atendendo a 126 alunos surdos, grande parte do interior do Estado.

Ano passado a escola foi incluída no rol das que mereceram altos investimentos do Governo e Ricardo Coutinho ao largar a gestão a deixou um “brinco”. A reforma foi geral, incluindo a bela cobertura de aço galvanizado que já sofria a ação do tempo e ameaçava ruir, a quadra de esportes, as salas de aula, o auditório e a cozinha-refeitório, que ganharam pintura nova e novo mobiliário, e foi feita a revisão geral nas partes elétrica e hidráulica.

E João recebeu a ECAD das mãos de Coutinho com tudo “nos trinques”. Aliás, não só a ECAD, mas todos os demais estabelecimentos de ensino de Campina Grande – do Estadual da Prata (O Gigantão) à novíssima Escola Técnica no Dinamérica, passando pelas instalações do Centro de Formação de Professores, na Malvinas, todos os equipamentos geridos pela Terceira Região de Ensino no Município estavam impecáveis.

Lamentavelmente, passados apenas oito meses do novo Governo eleito sob a promessa e o sonho da continuidade gerencial a situação é de ‘vaca desconhecer bezerro’, para ficarmos com o simplório linguajar da nossa gente.

A própria ECAD, onde Dona Ana Maria Lins e suas amigas-assessoras passaram boa parte da tarde de quinta-feira, está literalmente abandonada e dá pena ver que o dinheiro público lá investido por Ricardo Coutinho escorre pelo ralo e o espaço de forma veloz vai se deteriorando sem que as súplicas do diretor levadas à regional de ensino e à secretaria na Capital sejam atendidas.

Mês passado, por exemplo, participando em fim de semana de encontro da Igreja Católica nas instalações da ECAD, eu pude com tristeza verificar o descaso governamental com tão valioso setor público.

As fotos que publico abaixo dão testemunho disso.

Infiltração e mofo no teto da cozinha e do refeitório ameaçando a saúde dos alunos

Mobiliário novo destruído recebe reparos pagos pela Igreja

E é mesmo de dar dó. Cozinha e refeitório sofrem com infiltração do teto e o mofo já domina grande parte da área; o mobiliário das salas de aula (mesas e cadeiras) está em bom percentual quebrado; a área aberta que separa salas e quadra de esportes está tomada pelo mato; as descargas sanitárias e torneiras em sua maioria estão quebradas… E vai por aí.

Indaguei ao diretor Salatiel sobre a falta de manutenção e sua resposta foi rápida e dolorosa. “Não somos mais ouvidos por João Pessoa”, confidenciou-me quase em sussurro depois que eu e padre Hachid – que em ocasião anterior desembolsou dinheiro da igreja para pintura de paredes – nos cotizamos para levar até lá um marceneiro que consertou algumas cadeiras e várias mesas do refeitório, que caem ao chão quando precisam ser mudadas do local.

E o diretor, um abnegado, me disse que a sua parte tem feito mandando ofícios para seus setores, que fazem vistas grossas para os relatos e pedidos.

Dona Ana Maria Lins estava ao lado da presidente da Fundação Centro Integrado de Apoio à Pessoa com Deficiência (Funad), Simone Jordão, e segundo a matéria da SECOM que APALAVRA recebeu, ela discutiu com a direção ações que possam melhorar ainda mais o funcionamento do espaço.

Diz o release que a Primeira Dama destacou ter sido iniciativa do governador João Azevêdo transformar a Escola de Audiocomunicação de Campina Grande em Cidadã em Tempo Integral. “É uma ação que mostra o compromisso do Governo do Estado com a inclusão da pessoa com deficiência, e essa visita é a oportunidade que temos de conhecer os desafios e de continuarmos desenvolvendo políticas públicas que atendam ainda mais às necessidades dessas pessoas”, teria afirmado segundo a nota da SECOM.

Já a presidente da Funad ressaltou que a visita da primeira-dama à Escola de Audiocomunicação reforça o trabalho que ela desenvolve a favor da inclusão da pessoa com deficiência. “Essa visita segue o trabalho que a primeira-dama vem fazendo nas instituições, promovendo a aproximação e o diálogo com muita sensibilidade”, disse, destacando também a iniciativa do Governo do Estado em transformar a Escola de Audiocomunicação em cidadã em tempo integral.

Já a representante da escola, Solange Leite, agradeceu a visita mas certamente não aproveitou a oportunidade para mostrar à primeira-dama os desastres que eu ví.

No pátio da escola, Ana Maria Lins assistiu a uma apresentação cultural desenvolvida pelos alunos sob a coordenação dos professores e depois conheceu o espaço com salas de aula e brinquedoteca. E saiu feliz, pelo menos no release da SECOM: “É uma escola muito bem organizada, tudo muito limpo, oferecendo condições para o desenvolvimento desses alunos, o que nos deixa muito felizes”.

O que eu sei é que não é da índole do legítimo filho de Campina Grande esconder seus problemas para baixo do tapete.

E por isso, com esta matéria, APALAVRA dá início a uma série onde vai mostrar o que o Governo do Estado não faz por Campina Grande – ou porque não quer, ou porque não tem ciência dos problemas.

 

 

 

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