Por Hilton Gouveia
Domaria dos Anjos. A polícia identificou assim, a mendiga retirante que na seca de 1877 matou e literalmente devorou a menina Maria, de uns oito anos de idade.
Nesta cadeia os presos também definhavam e os mais ferozes temiam a terrível cela da morte – um caixote de ferro com forno de lenha em anexo, onde os presos eram colocados nus, a fim de “assarem” as idéias, caso recusassem confessar supostos crimes
A mulher, depois de diagnosticada como louca, sumiu definitivamente de Pombal, no centro do Sertão Paraibano, após cumprir, aproximadamente, três anos de cadeia, dentro de uma prisão considerada inexpugnavel, onde cumpriram penas, por exemplo, Jesuíno Brilhante e o cangaceiro Rio Preto.
De acordo com os escritores Werneck Abrantes e Wilson Seixas, que tiraram essas informações de um processo antigo do Cartório de Primeiro Ofício de Pombal, Domaria matou a criança em 31 de março de 1877. A vítima foi atraída para a casa da mendiga, que prometeu -lhe comida farta. Alí esganou Maria e retalhou o cadáver com uma faca, retirando parte da carne e enterrando pernas, braços e cabeça – porque eram amargos -, embaixo de uma oiticica.
O jornal “O Publicador” publicou a notícia em 24 de abril de 1877, destacando que cachorros vadios, por acaso, forneceram essas pistas para a Polícia. Hoje, a menina Maria – batizada assim só para ter um nome no processo -, é considerada santa.
Atribuem a ela um milagre inusitado: em 1879, dois anos após o seu martírio, agricultores que oravam no seu túmulo foram surpreendidos por formidável chuva, que banhou o sertão por alguns meses.
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