1BERTO DE ALMEIDA
Não há como negar que – não raras vezes – escutava Cardivando de Oliveira, o filho de seu João e dona Otaciana, através do seu escutado e bem lembrado pelos seus ouvintes, embora muitos os mesmos, através do seu programa Bom dia, Paraíba, transmitido pela Rádio Sanhauá. Porém, todos também sabiam, como sabem ainda, que essa Rádio há muito se encontra nos seus estertores. E duvidar ninguém há de.
Pois bem. Esse filho ilustre do bairro da Torre, apesar dessa ser uma “rádio menor”, uma das últimas moicanas, pois as emissoras de AM há muito que já estão mortas, com a sua boa leitura, uma das melhores da radiofonia parahybana, informando e divertindo os seus ouvintes, todas as manhãs, tem sido indispensável à sua existência. Existência da Rádio, entendam, Mas por que não a dele também, se o Rádio é a sua vida ?!
Na sexta-feira, a passada, porém, por um desses acasos que pintam por aí, ouvi de um bom amigo de fala fácil e muito bem informado, que depois de 33 anos – pasmem! – ininterruptos, Cardivando estava sendo enxotado, banido, expelido, varrido, sarapantado dessa Rádio que foi sua vida e nela fez história. Isso mesmo: Cardivando entrou pela porta da frente da história do rádio parahybano para nunca mais sair, e agora mesmo honrado e somente competência no que faz estava sendo obrigado a sair pela dos fundos.
A história que esse amigo contou com a segurança de quem conhece a “máquina” por dentro e, mesmo distante, está sempre ligado aos fatos que fazem triste essa Rádio, é de tirar São Severino do Ramo. Sobretudo para esse profissional dedicou toda uma vida a vida dessa Rádio que nasceu por obra e graça de José Teotônio e Wilson Braga, no distante ano de 1986, e daqui a poucos meses não mais existirá. Pois é. A história entre Cardivando x Rádio Sanhauá terá um fim mais triste que o de Policarpo Quaresma. Eu conto, vendo o peixe, aproveitando a Semana Santa que vem por aí, pelo mesmo preço que não me venderam: de graça.
Sem esperar, coração aberto, honesto consigo e em tudo que faz na vida, pois sou prova viva do afirmado, sexta-feira, a passada, Cardivando foi surpreendido pela direção dessa Rádio que nasceu para o próprio, é assim que parece, com um pedido para assinar os contracheques relativos aos três últimos anos de salários que – pasmem de novo! – nunca recebeu! Estranho, não? Estranhíssimo! Mas foi assim mesmo: assine aqui e fim de papo. E agora ?!
Porém, Cardivando, apesar da educação e a falta de maldade própria dos “homens de negócio”, como é o seu caso, disse “NÃO!” para o ato indecente. É o que me contam. Ora, por todo esse tempo sem receber um centavo da empregadora, chegando mesmo a pagar do próprio bolso aos auxiliares que a Rádio teria de pagar para que o programa existisse (sic), no mínimo se esperava que houvesse um acordo de cavaleiros entre as partes, digno, respeitando o direito do profissional e trabalhador. Nunca vi proposta, se essa existiu, como me contaram com a segurança de um agente espião da KGB, tão indecente.
Mas, para evitar dizer o que realmente merecia ser dito sobre essa proposta que acabei de contar, espalho aqui, ipsis litteris, o que essa testemunha sabendo da história em detalhes, contou para este MB, e encerro estas mal-traçadas:
“Durante esses ininterruptos 33 anos esbanjou competência, profissionalismo e assiduidade no programa que apresentava das 6h às 8h de segunda a sábado.
Nos últimos três anos atravessava um calvário de três anos de salários atrasados e ainda pagava o operador do seu bolso para cumprir com aquilo que considerava mais que um sacerdócio, parte de sua vida.
Na manhã desta sexta-feira (12) foi surpreendido pela direção da Rádio com um pedido para assinar os contracheques relativos aos três últimos anos, mas, por não ter recebido os respectivos salários, obviamente recusou-se a assinar.
Ato contínuo, foi sumária e literalmente desligado do horário e programa ao qual há mais de três décadas dedicou-lhe corpo e alma”.
EM TEMPO necessário para os detalhes finais e o cair do pano:
Tudo acertado, eis que não suportando a dor do parto, isto é, da partida, o bom Cardivando, sentindo que fora do rádio não existe salvação para ele, um apaixonado, quedou-se a proposta indecente. Soube ontem, pela mesma fonte da qual toda a verdade jorra. O que a fonte dissera? Segue o escrito:
“Após passar mal ontem, provecta vítima ligou para algozes aceitando se submeter a assinar contracheques relativos aos últimos três anos (sem ter recebido salários), contanto que o deixassem permanecer no horário, que hoje, macambúzio, apresentou. Mais? Tem. Ele conta sobre a “Fonte”: “Essa é fidedigna, de dentro da emissora (ou o do que resta dela), onde faltam microfones, café e até papel higiênico…com rotineira suspensão no fornecimento de energia elétrica por falta de pagamento...”
Em tempo dois: bem que gostaria que o bom Cardivando me escrevesse – vale nos comentários – negando o conformando o que me fora escrito/dito. Ou mesmo um dos diretores da Rádio. Não sendo verdade, esqueçam. Melhor: esqueçam-me.
Putabraço para todos!
8 Comentários
Ao jornalista Sebastião Lucena,
TUDO É VERDADE! A inocência desse radialista é demais! Chora, esperneia, mas termina, por medo de ir para a rua, fazendo o que os senhores Reis mandarem! O texto é muito bem escrito e verdadeiro. Não conheço o autor, mas bem que gostaria. Parabéns.
Cardivando Oliveira é uma espécie digna de tema para tese de mestrado em ciências sociais. Está totalmente incorporado à microfones desde 1964, quando, aos 17 anos foi trabalhar sem receber nada de salário, na Difusora de Zé Faustino no bairro da Torre. Estudou pouco, não concluindo sequer o ginásio no antigo Instituto Getúlio Vargas do falecido professor Wanderley. Em setembro de 1965, com a bondade de Otinaldo Lourenço, começou a frequentar a Rádio Arapuan, na epoca, localizada no terceiro andar de um prédio em frente ao antigo Colégio Wunderood.. Ó “cast” da Arapuan era formado, por, entre outros, Otinaldo (diretor), Nalda de Abreu, Ary Silva, Metusael Reizinho, Marcos Machado, os irmãos Roberto Carlos e Carlos Roberto, Enoque Pelágio, Waldemar Paulo, C. Rodrigues, Ivan Tomás, Eudes Toscano, Erisinor Faustino, Bernardo Filho e vários estudantes, inclusive Rildo Menezes, atualmente médico em São Carlos -SP. Cardivando vivia no meio dessa seleta seleção. Mas, não estudou. Contentou-se em ser locutor comercial e foi tomado pelo vírus do microfone. Hoje, aos 71 anos, apresentando um programa de alô, alô, onde os participantes são sempre os mesmos que nada acrescentam aos “ouvintes”, ainda acredita e defende ardentemente a AMPLITUDE MODULADA e propaga aos quatro cantos do mundo que vai encerrar a carreira de “locutor”, mas não vai trabalhar em FM. Não vai porque não encontra espaço. Não progrediu. Está ainda em 1965. Conheço Cardivanfo desde os tempos de criança na Torre. porque meu pai era colega de trabalho do pai dele no antigo DOSE – Departamento de Obras e Saneamento do Estado, hoje CAGEPA. Eram encanadores.
Essa história, nem 1 Berto de Almeida sabia.
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Coitado. Passou pela vida e não Jpercebeu !!
Não conheço e nunca pedi emprestado a nenhum dos três q comentaram sobre mim.
Será q eles sabem q meu nome como locutor comunicador é objeto de estudo na Universidade Federal da Paraíba? Aliás,o q é q vcs entendem de locução?
Respeitem os meus 52 anos de rádio,meus “amigos”!
1Berto demora a postar nesse espaço oferecido pelo trepidante, inoxidável e tampa de furico Tião Lucena, mas quando apresenta um texto, provoca grande número de comentários. Esse 1Berto é foda. Escreve muito bem. Quanto ao radialista, sugiro que se aposente enquanto é tempo.
Infelizmente isso já era esperado,eu que sou ouvinte de Cardivando e amante da Radio Am escutei por diversas vezes o mesmo fazer alguns comentários de sua possivel saída da Radio e notava que algo tinha por tras de seus comentários sobre sua saida é lamentavel ver uns dos maiores profissionais da Radio Paraibana ser constrangindo dessa forma,nós ouvintes sentiremos muito a sua falta se isso acontecer que acho que fatalmente irá acontecer.Esse homem que durante toda vida no Radio se dedicou ao maximo,falar em São João,Carnaval e outras festas populares sem falar em Cardivando é impossivel,ele é a cara da cultura popular de João Pessoa,um abraço Cardivando do seu ouvinte de muitos anos e olhe que faz anos Luciano do Func.1.
Fico triste em saber de uma coisa dessa.
Gostaria de saber com anda a saude de cardivando de ol,iveira, ouvia todo dia ele na radio Sanhauá, adimirava elepois falava sempre de sua mãe dona Otaciana,ede seus amigos mais velhos.