Cícero Lucena e Cássio Cunha Lima brigam em público e isso causa espanto. Cícero diz que o adversário dele é apoiado por coronéis e entre os coronéis cita Cássio. Cássio em resposta o chama de ingrato. E passa na cara: Foi vice-governador, ministro, prefeito e senador porque a família Cunha Lima o adotou.
Em parte Cássio tem razão. Mas só em parte.
Quem conhece a história recente da Paraíba sabe que, num certo tempo não muito distante, Cícero devotava uma fidelidade canina a Ronaldo e a Cássio.
Quando Ronaldo atirou em Burity, por exemplo, Cícero, que testemunhou a tentativa de assassinato, negou socorro ao ferido e socorreu o agressor. E deu fuga a ele, foi com ele a Campina Grande, assistiu a sua prisão na entrada de Campina e mandou a sua polícia (ele estava governador interino) ficar de prontidão para tomar Ronaldo das mãos da federal, caso a federal o recambiasse preso para João Pessoa.
A recíproca, porém, não foi tão verdadeira assim.
Quando Cícero foi preso como envolvido na Operação Confraria, era secretário do Planejamento do Governo Cássio. Pois o governador, em vez de se mostrar solidário, mandou um auxiliar de sua confiança procurar o detido e sugerir que ele se demitisse.
Em 2014 Cícero era senador e tinha direito a reeleição. Cássio o forçou a desistir para dar a vaga a Wilson Santiago.
Deve ter sido por isso que Cícero, quando Cássio foi citado em delações na Lava Jato e na Operação Cheque Mate, também não foi solidário com ele.
Não gosto de ingratidão. O ingrato é um sujeito desprezível. Mas no caso de Cícero e Cássio, se houve ingratidão, essa se mostrou na modalidade “bala trocada”, “lá e lô”, de modo que nem o sujo pode falar do mal lavado, nem o mal lavado pode falar do sujo.
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