opinião

Começar 2022 rindo, né?

2 de janeiro de 2022

 

Marcos Pires
____________________________________

Em Guarabira havia um barbeiro chamado Chico Luís que armava sua barraca nos dias de feira (quartas e sábados) para cortar cabelo e barba da matutada que vinha dos sítios. Era comum ouvir um matuto dizer ao compadre que iria “à furquia de Chico Luís”. É que o profissional da tesoura e da navalha ao invés de comprar uma cara cadeira de barbeiro improvisou uma cadeira comum amarrando no encosto uma forquilha de angico, sem sequer se preocupar em tirar as cascas. O resultado é que quase sempre o cliente ficava com o pescoço entalado na forquilha. Fosse reclamar, vinha a resposta: “- O probrema num é furquia não, é que seu pescoço é troncho”. Ao lado da tal cadeira havia uma bolinha e ele explicava a quem lhe perguntava para que servia: “- É para o freguês colocar na boca mode eu fazer a barba das bochechas mais direitinho”. Um dia um cliente perguntou se alguém já havia engolido a bolinha. “- Ixe… tem trinta ano que eu uso essa bolinha. Já engoliram pra mais de cinquenta veis, mas como é tudo gente conhecida, no outro dia eles vem devolver. É só lavar que tá nova”. O matuto retirou a bola da boca e disse que o gosto estava meio amargo. Chico deu um tapa na testa e exclamou: “- Danou-se que eu misquici de lavar essa bixiga hoje”.

O fígaro paraibano sofria dos nervos e quando chegava atacado pedia ao cliente que pendurasse uma cuité no pescoço. “-

Para que isso, seu Chico?”. A resposta era devastadora: “- É pra mode se minha mão tremer não sujar a sua roupa de sangue, né?”. Invariavelmente ao final de cada barba feita ele pedia para o matuto da vez bochechar um copo d’agua e solenemente explicava: “- Pra ver se não tem nenhum buraco, se não tá vazando”.

Na mesma querida cidade de Guarabira morava um futuro milionário que iniciava-se nos negócios e precisava ir a Recife comprar umas quantas mercadorias para revender. Pretendendo economizar a passagem resolveu “amocegar” no trem. Porém o bilheteiro o descobriu e deu-lhe um tabefe na orelha com tanta força que o jovem empresário caiu na poeira. Indômito, resiliente, levantou-se, correu atrás do trem e conseguiu “amocegar” novamente. Repetiu-se a cena; novo tabefe, nova queda, novamente comeu poeira. Uma vez mais ele correu e “amocegou” no trem. O bilheteiro ia dar-lhe um terceiro tabefe. Já com a mão levantada perguntou: “- Ô menino, onde você acha que vai?”. Coçando o lado esquerdo da cabeça ele disse: “- Se minha orelha aguentar mais 5 tabefes o senhor acha que dá pra chegar em Recife?”.

Guarabira de tantas histórias. Voltarei lá para uma outra colheita.

Você pode gostar também

Sem Comentários

Deixar uma resposta

This site uses Akismet to reduce spam. Learn how your comment data is processed.

4