Nesses tempos bicudos, de tantas correrias, comer em casa está se tornando inviável. A não ser que se apele para a famosa marmita. Houve um tempo em que eu comia a marmita de Seu Zé, lá do centro. A gente ficava na fila, quem chegasse primeiro recebia um pedaço de cano, que ia repassando para quem chegasse depois. Era a ordem da fila.
Seu Zé agia rápido. Botava o feijão, o arroz, o macarrão, a verdura e perguntava a carne de preferência do cliente. A melhor carne dele era o bife fritado no óleo de soja. Depois vinha o frango. Uma vez por semana tinha galinha guisada. E de vez em quando um bodinho para tapear as tripas.
Aquele pessoal dos Bancários, que criou o hoje famoso Coelhos, começou com marmita. Eu fui freguês do Coelhos quando o Coelhos era pobre. Seus donos pegaram descendo do Paraiban e fundaram primeiro a marmitaria e depois o restaurante. Hoje é um suplício conseguir uma mesa para almoçar lá em finais de semana.
Há, porém, quem diga que a marmita mais gulosa, volumosa e vantajosa fica localizada no Rio Grande do Norte. Foi através dela, segundo os informes, que pessoas de outras paragens encheram a burra de dinheiro e, de buchos cheios, saíram pelo mundo distribuindo vitaminas.
Mas aí são outros quinhentos.
Não chega pra meu bico.
A minha marmita é a de Seu Zé, pobre, minúscula e com prazo de validade vencida.
A do Rio Grande do Norte alimenta mais, deixa o cabra gordo e rico.
E meu médico disse que eu devo perder quinze quilos pra ficar nos trinkes.
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A melhor marmita que existiu em João Pessoa foi a de dona Creusa Pires, na Av. Epitácio Pessoa. Hoje, destaca-se a marmita da Cozinha do Elias, no mercado da Torre, onde o saudoso Paulo Mariano frequentava toda semana.