RAMALHO LEITE
Mergulhei há alguns dias na história da Primeira República e no perfil dos seus personagens principais. Se nada tivesse acrescido ao meu conhecimento, a leitura do primoroso livro de Osvaldo Trigueiro de Albuquerque Melo ( A Política do Meu Tempo), pelo menos serviria para que eu mudasse o conceito a respeito de Washington Luis, o presidente deposto pela Revolução de 1930. Arquivado pela nova ordem nascida com a Aliança Liberal, a imagem que guardei do antecessor de Getúlio Vargas foi a dos livros do curso ginasial, com um perfil desabonador traçado pelos vitoriosos.
Osvaldo Trigueiro faz justiça ao último representante da política do “café com leite”, um sistema que elegia os presidentes do País entre as lideranças de São Paulo e Minas Gerais, em regime de revezamento. A força dos partidos e o acordo de seus donos, substituía o pronunciamento das urnas e ungia o indicado como candidato único, quase sempre, pois oposição era coisa rara e o voto era de cabresto. Vencia sempre o governo.
Na presidência, Washington Luis confirmou sua reputação de administrador eficiente e fez valer o seu conceito de que “governar é abrir estradas”. Era um homem incluído no rol dos que nem furtava nem deixava furtar, e de nada adiantaram as investigações feitas pelo governo que o sucedeu, resultando em verdadeiro atestado da sua honorabilidade. Um cidadão honestíssimo que chegou a devolver os presentes mandados para uma filha que se casava, aceitando, apenas, aqueles enviados pelo seu círculo de amizade.
Meu entusiasmo por Washington Luis mudou o rumo desta prosa. Desejava mesmo mostrar como era diferente de hoje, os apoios políticos recebidos pelos candidatos. Primeiro governador da Paraíba depois da redemocratização, eleito em 1947, Osvaldo Trigueiro era perrepista desde estudante, quando formou contra a eleição de João Suassuna. Candidato, deveria receber, naturalmente, o apoio do coronel José Pereira, em Princesa Isabel. Sendo, porém, o coronel, padrinho de batismo de Alcides Carneiro, apoiou seu afilhado. Osvaldo receberia os votos dos liberais chefiados por Nominando Diniz.
Enquanto Osvaldo fazia comício em Princesa, outro evento era realizado na Lagoa do Parque Solon de Lucena, tendo como principal atração o senador Getúlio Vargas, do PTB. Por obra de Argemiro de Figueiredo, Getúlio veio à Paraíba apoiar o candidato da UDN, para surpresa e irritação do PSD do Presidente Dutra. Voltando do sertão, Osvaldo Trigueiro recebeu essa noticia em Campina Grande, e de bom grado, acolheu os votos dos petebistas, mesmo sem pedir. Como as coisas eram diferentes no passado.
2 Comentários
Discordo amigo, continua tudo igual, a maioria da população vota sem saber em quem, se perguntar 4 anos depois ninguém lembra quem foi os deputados que votaram, infelizmente.
verdade, totalmente, verdade, pura verdade.