Quatro pessoas morreram no estado em decorrência das chuvas dos últimos dias, que causaram também desabamentos e alagamentos. Mais de 50 escolas suspenderam as aulas ontem na Zona Oeste da capital e na Baixada Fluminense, as áreas que mais sofreram com os temporais. Ao visitar uma área atingida ontem, o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) culpou a população por jogar lixo em rios e foi xingado e atingido por barro jogado por uma pessoa. A primeira morte ocorreu no Tanque, Zona Oeste, onde Flávio Silva, de 40 anos, foi retirado morto dos escombros de um imóvel que desabou após deslizamento de terra, às 4h25 de domingo. Segundo a Defesa Civil, a casa ficava na Rua Almirante Melquíades de Souza, 319. Ainda de madrugada, por volta das 6h, os bombeiros foram chamados para um atendimento na Taquara. Vânia Nunes, de 75, foi encontrada morta no cruzamento da Rua Apiacás com a Estrada do Tindiba. A suspeita é que ela tenha sofrido descarga elétrica ao encostar em banca de revista durante alagamento.
Por volta das 19h30, os bombeiros confirmaram a morte de Misael Xavier, de 62, em Mesquita, na Baixada Fluminense, após desabamento na Estrada Feliciano Sodré. E em torno das 21h, moradores de Acari, na Zona Norte, informaram que um homem de 44 anos morreu afogado no bairro. Segundo a Defesa Civil, a vítima foi levada por moradores para o Hospital Ronaldo Gazzolla. Ainda segundo os bombeiros, outro desabamento de imóvel foi registrado em Magé, na região metropolitana, deixando duas pessoas feridas. As vítimas foram identificadas como Maria Mendes, de 22, e Flávio Pereira, de 27. Ambos foram levados para o Hospital de Magé.
O prefeito Marcelo Crivella foi atingido por uma bola de lama arremessada por um morador de Realengo, na Zona Oeste da capital fluminense, na manhã de ontem. Ele participava de entrevista coletiva quando foi atingido na parte de trás da cabeça e no ombro pelo barro. O prefeito visitou a região para avaliar os estragos causados pela chuva.
Os moradores hostilizaram Crivella desde que ele chegou à região, mas a situação ficou mais tensa quando ele culpou moradores pelas consequências dos temporais. “A culpa é de grande parte da população, que joga lixo nos rios frequentemente”, declarou. Crivella afirmou que chuvas sempre são um problema para a cidade, mas “o pior é o lixo. Temos excesso de lixo nos rios, bueiros e encostas, e, quando vem a chuva, tudo desce”.
Antes, em transmissão ao vivo nas redes sociais, Crivella também atribuiu os prejuízos da chuva aos hábitos dos moradores ao afirmar que as pessoas escolhem morar em áreas de risco para “gastar menos com cocô e xixi”. Segundo ele, os moradores preferem morar onde “descem as águas” com o objetivo de gastar menos tubos para esgoto.
O município do Rio está desde o início da madrugada de domingo sob estado de alerta, o quarto nível em uma escala de cinco. A prefeitura recomenda que a população adie compromissos, permaneça em local seguro e só se desloque por área de risco em caso de extrema necessidade, por causa da previsão de mais chuva. Apesar dos estragos registrados em todas as regiões da cidade, o transporte público funcionou normalmente ontem. Trens, metrô, barcas e BRT operaram. Na véspera, dois ramais da Supervia ficaram interditados e o BRT não funcionou no corredor Transcarioca.
A Defesa Civil recebeu, desde a noite de sábado até ontem, 349 chamados. As principais demandas foram por desabamento de estrutura (121), ameaça de desabamento de estrutura (63) e deslizamento de barreiras (79) e imóveis com rachadura e infiltração (31).
A Zona Oeste foi a mais afetada na capital. De acordo com o Centro de Operações, somente entre Santa Cruz e Bangu choveu em um dia quase o dobro do esperado para fevereiro. As vias estavam tomadas por lama, entulhos e móveis arrastados de dentro das casas pela água. Em Realengo, os moradores puseram os móveis na rua. Tudo virou lixo. Mais de 10 carros foram parar em um córrego.
No Recreio dos Bandeirantes, o Museu Casa do Pontal foi alagado. Para salvar o acervo, funcionários puseram obras de arte em locais altos. No Jardim Maravilha, moradores passaram o domingo sem conseguir sair de casa, ficaram ilhados. A chuva fez o Rio Cabuçu-Piraquê transbordar. Um grupo usou um barco para socorrer cerca de 30 famílias que iriam buscar abrigo em casa de parentes. Na Baixada Fluminense, cinco rios transbordaram e inundaram várias regiões. Mesquita foi uma das cidades mais atingidas. Uma rua ficou completamente destruída pela força da enxurrada e até a sede da prefeitura foi danificada.
1 Comentário
Pelo raciocinio do bispo Crivella, então, os ricaços que moram no Alto da Boa Vists, na Joatinga, e áreas semelhantes, também estão economizando em encanamento?
Ele pode até ser reeleito ( tem muitas ovelhas no cural), mas será sempre um dos piores prefeitos que o Rio já teve.