opinião

Cronista frustrado

18 de setembro de 2020

Gostaria muito de ser um cronista.

Considero ele, o cronista, o poeta que, mesmo sem rimar, faz a poesia mais perfeita.

Ele fala das flores, dos amores, dos presentes e dos passados, sem precisar de métricas ou rimas.

Já tentei ser um cronista, mas  as tentativas não deram bons resultados.

Faltou talento ao escrevinhador.

Ou um coração apaixonado.

Dá gosto ver Gonzaga Rodrigues falar de suas coisas. Ele encanta até em assuntos sem encantos.

E Sitônio, o mágico que descobriu, durante uma noite de invernada, que o riacho nasceu de uma mijada da vaca!

Nem falo de Martinho, o mais romântico de todos, desfilando nas páginas as lembranças da mocidade finda nas matinês da saudade.

Ah, lembrei, Luiz Augusto Crispim fazia a crônica parecer um beija flor enxerido a perseguir o néctar da recatada flor como se fosse ele, o beija flor, um namorado pedindo permissão para dar o seu primeiro beijo.

Não poderia esquecer, nessa galeria de mágicos/poetas, Carlos Romero e Nathanael Alves.

O primeiro, pelo jeito descontraído de falar coisas bonitas.

E  o outro por ser, primeiro e único, o mais perfeito criador de imagens literárias que já aportou no porto abandonado dos nossos corações.

E diante disso, seria muita pretensão da minha parte entrar num time desses.

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5 Comentários

  • Reply Sebastião Gerbase 19 de setembro de 2020 at 06:30

    É aí onde você se engana, Tião! Você faz parte desse time. Basta usar a modéstia e a belo da natureza, como fez agora. que você vai fundo sem nem notar… Agora, por exemplo. Parabéns, cabra bom!

  • Reply Paulo Emmanuel 19 de setembro de 2020 at 08:18

    Você tem uma vantagem, Tião: quando quer ser lírico, consegue. Da mesma forma consegue ser claro e objetivo. É difícil ser as duas coisas.

  • Reply Arnaldo G Oliveira 19 de setembro de 2020 at 13:25

    Já é do time!

  • Reply Valberto José 19 de setembro de 2020 at 13:56

    “Desfilando nas páginas as lembranças da mocidade finda nas matinês da saudade”; Crispim fazia a crônica parecer um beija flor enxerido a perseguir o néctar da recatada flor como se fosse ele, o beija flor, um namorado pedindo permissão para dar o seu primeiro beijo”. Tanta poesia enserida em duas frases. Relaxa, Tião, sossega o coração! No texto acima, foste mais que cronista. Foste poeta! Uma prosa poética, quem sabe.

  • Reply AUGUSTO CEZAR CUNHA 19 de setembro de 2020 at 16:30

    Não precisa ser modesto, Tião. Tu és tão bom quanto os cronistas citados.

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