Esta cena eu mesmo documentei na Avenida Beira Rio, em João Pessoa, pelas 8 e meia de hoje. Caminhava em direção ao Canelle, onde jornalistas e intelectuais se reúnem para suculento café da manhã, quando passei por essa mulher que dormia em cima de papelões jogados na calçada da loja. O travesseiro era uma bolsa velha, surrada, com jeito de imprestável. O aspecto de abandono daquela mulher diferia em tudo do burburinho do restaurante que eu pretendia visitar. Aquilo me embrulhou o estômago, a vontade de beber café foi substituída por uma sensação de vazio, de inércia, de deixar tudo pra lá por saber que não tem jeito que dê jeito nesse mundo cheio de desigualdades.
A covardia me impediu de acordá-la. Acho que nem covardia foi. Ela não iria entender.
Dei meia volta, desisti do café. Peguei o carro e me mandei do local.
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Foda!
SOCIEDADE HIPÓCRITA E NOJENTA
EM UM DOMINGO PELA MANHÃ, ESTAVA ALIMENTANDO ALGUNS CÃES DE RUA – ACOMETIDO DE DORES DE VÉIO, IRRITADO E INTOLERANTE – QUANDO UMA SENHORA PORTADORA DE ASPECTO ALTIVO E COM UMA BÍBLIA PRESA DEBAIXO DO BRAÇO, INDAGOU-ME SE O QUE ESTAVA FAZENDO ERA PARA AGRADAR A DEUS. RESPONDI DIZENDO QUE DEUS NÃO COMIA RAÇÃO DE CACHORRO E QUE EU ESTAVA MESMO ERA QUERENDO AGRADAR AOS DITOS CUJOS FAMINTOS E SEDENTOS. ELA INSISTIU PERGUNTANDO SE EU AJUDAVA ALGUMA PESSOA. MAIS UMA VEZ RESPONDI QUE NA PORRA DO LIVRO QUE ELA CARREGAVA DIZIA QUE DEVEMOS DAR DE COMER A QUEM TEM FOME E OFERECER COM A DIREITA SEM QUE A ESQUERDA VEJA. A ELEMENTA NADA MAIS DISSE E FOI EMBORA. DE LÁ PARA CÁ CONTINUO COM AS MINHAS DORES E A SUJEITA PASSOU A CAMINHAR PELO OUTRO LADO DA RUA, EM DIREÇÃO À IGREJA UNIVERSAL “ASSIM CAMINHA ESTA COISA CHAMADA HUMANIDADE”