Pereira Lima da gema, José Góes Pereira Lima ou, simplesmente, Zé Góes, jamais se valeu de sua condição de membro ilustre da família do coronel José Pereira para vencer na vida.Venceu sozinho, sozinho conquistou o que quis: emprego federal, curso superior, mulheres de várias raças e o direito de viver na solidão dos justos, sem ninguém para lhe dar ordens.
Bateu os quatro cantos do país sem precisar de bússolas, mapas ou GPS. Pegou um ita no Norte e foi para o Rio de Janeiro só para ter o gosto de visitar seus conterrâneos Paulo Mariano e Vavá Lima. Encontrou os dois nos seus respectivos endereços, o que para a época foi um feito épico. E lá no Rio, numa noite de calor, tirou a roupa em plena Copacabana e mergulhou no mar. Quando voltou à terra firme, viu que as roupas foram roubadas. A cueca ficara no mar, como oferenda para Iemanjá. E José foi andando tranquilamente até o endereço dos amigos, com os troços balançando, transformando Copacabana numa praia de nudismo num tempo que isso era coisa do outro mundo.
Em João Pessoa, no Bar da API, foi apresentado a bela e elegante jornalista. Aproximou-se da moça e passando o dedo sobre a perseguida dela, perguntou, com a maior singeleza, se aquilo que ela estava vestindo era linho.
Fez trabalhos de pesquisa importantes. Foi dele o catálogo dos gays famosos. Ele descobriu que Lampião era gay, que os políticos de Princesa eram todos gays e os de João Pessoa idem. Aí Marçalzinho Lima, seu secretário para assuntos de fuleragens e, segundo Zé Góes, gay na encarnação passada, perguntou-lhe se Sebastião Lucena também o era, ao que Zé Góes respondeu:
-Está amigado com Paulo Mariano.”
Com certeza foi pro céu.
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