Em 1973 do século passado eu matava o tempo esperando a hora do ônibus partir de Patos pra Princesa folheando as páginas do jornal O Norte, quando me deparei com uma crônica de Anco Márcio.
Ele falava sobre uma menina morta.
Crônica sentida, poética, de chorar.
Foi ali, naquela leitura, que eu desejei pela primeira vez ser um jornalista.
Igual a Anco Márcio.
Não consegui, apesar do esforço.
Anco era inimitável e inigualável.
Boêmio, poeta, humorista fino, cronista, ator, escritor, o que ele quis ser, foi.
Deixou o mundo ainda cedo, não tinha 70 anos.
Um AVC o levou.
Partiu batendo asas como um passarinho que, incompreendido na terra, finalmente encontrou quem lhe desse o seu real valor longe daqui.
2 Comentários
Eu me lembro de Anco quando uma vez ou outra, ele redigia alguns artigos aqui no seu blog lá pelos anos de 2010. Você sabe o ano que ele se foi, Tião?
E por falar em Anco Márcio…
Hoje, 21 de junho de 2013, fui ao velório do amigo Anco Márcio de Miranda Tavares. Anco Márcio. Simplesmente. Nesse momento, lembrando-me dos nossos papos e gargalhadas divididas, percebi mais do que nunca que os nossos heróis estão morrendo. Senti. E muitos nada têm de overdose. O Coração. O AVC e outras mazelas dos tempos modernos. São essas. Anco a sua maneira também foi um herói.
Confesso que ainda menino aprendi a gostar das coisas que Anco escrevia. Eram os tempos do bom Pasquim! Esse onde ele com muito talento e dono de um texto de humor raro neste engraçado verde-amarelo, conquistou “duas páginas”! E com apresentações de Ziraldo, Millôr e Cia!
Em tudo que Anco se metia, como fazia questão de dizer, se metia e fazia bem. Tudo para ele parecia fácil. O conto, a poesia, a novela; letra de música, peças teatrais… Nunca duvidei. Anco no rádio era bom. No teatro também. E n escrita um jornalista como poucos que tínhamos e hoje menos ainda temos.
Tenho fortes lembranças de nossos últimos papos. Ainda nesse ano em que ele trocou de roupa e se mudou para outra cidade, por telefone me confidenciou o desejo de voltar ao rádio. De quando em vez batia longos papos –com esse que foi um dos mais criativos humoristas (o maior) da Paraíba do sério Augusto dos Anjos.
Anco vivia 24 horas sorrindo de todos e, como nunca escondeu, dele mesmo. Um Mestre nessa área! Tanto que era conhecido por aqui e em alhures como o sucessor de Millôr Fernandes. Pausa. Agora mesmo, somente emoção, tuitei do velório: “A Paraíba não tem dimensão do talento que se vai”.
E não tinha mesmo,
Assim, com todos os defeitos, esses que ele sabia ter e deles não abria mão, Anco trocou de roupa e se mudou para outra cidade, deixando muitos “felizes” pelo fato de ele preferir sempre perder um amigo a uma piada, e outros tristes pela falta desse sujeito que apesar dos muitos defeitos era uma referência para muitos.
Agora Anco parte, e com ele boa parte da história do Jornal, TV, Rádio parahybanos parte também. Anco nos deixou sem escrever o seu último Romance da Cidade. Mas deixou Davi e Débora (filhos) e Gabriel (neto) para contarem a sua história. Sim, e alguns amigos. Poucos.
Vai com Deus, Anco!