Enoque Pelágio era feio.Aliás, muito feio. Tinha o queixo grande, os dentes não eram lá essas coisas, andava desengonçado e a fala metia medo. Mas tinha uma sorte danada com as mulheres. Tanto tinha que, no seu enterro, apareceu muita mulher chorando.
Mas a sua feiura não lhe tirava o brilho. Era um repórter na exata expressão da palavra.
Campeão de audiência com o seu programa na Rádio Arapuan, destacava-se pelo jeito como dava a notícia e a maneira como tratava os entrevistados. Tinha fama de valente, correu sérios riscos de vida, conheceu a glória ao se eleger como o vereador mais votado de João Pessoa e morreu de forma boba e misteriosa: uma batida de carro num poste na descida do Castelo Branco para Miramar.
O seu enterro foi acompanhado por uma verdadeira multidão. Mulheres choravam, homens lamentavam, os jornais deram manchete, a Câmara Municipal hasteou a bandeira a meio pau.
Embora sem muita leitura, Enoque falava corretamente e tinha carisma. Não cuspia no microfone como acontece hoje em certos programas.
Uma passagem interessante da vida de Enoque foi a surra que deram no sósia dele pensando que se tratava do próprio.
Uns desafetos encontraram um humilde funcionário da Cagepa que era a cara de Enoque Pelágio e decidiram justiçá-lo em pleno Viaduto Damásio Franca. Era o cacete comendo e o coitado dizendo “não sou ele não!” Até que apareceu a polícia e botou os valentões pra correr.
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Boa tarde
Grande Tião Lucena. Seu Blog é um repositório de informações históricas da maior relevância notadamente a série: Os Campeões da Informação. Um forte abraço do amigo Fernando Dutra.