Frutuoso Chaves
Um artigo do amigo Sílvio Osias, filho de astrônomo amador dos bons, alerta para a chance da observação, desde ontem, do cometa Neowise. Para quem disso, porventura, ainda não saiba, cometas são uns blocos de rochas, gelo e poeira imensos.
São coisas advindas da formação do Sistema Solar em giros cósmicos de dezenas de décadas. As caudas resultam da vaporização a cada vez que se aproximam da quentura do Sol.
O Neowise (nome adquirido do satélite artificial por quem foi encontrado) poderá ser visto ao pôr do Sol e à direita deste, quase na linha do horizonte. Mas, isso, se o tempo permitir. Estarão para tanto de melhor modo situados os habitantes de áreas com pouca iluminação, sem chuva, nuvens nem prédios em volta.
A lembrança de Onildo Lins de Albuquerque, o astrônomo aqui citado, veio de conversa com Sílvio. Ainda muito jovem, este viu o pai ganhar mapas estelares e coordenadas do Instituto Smithonian a fim de rastrear satélites artificiais de um posto de observação feito com madeira e por ele próprio instalado no quintal. Era a época da corrida espacial e das redes de observação montadas pelos americanos nos cinco Continentes.
Também, a época de ouro do Observatório Astronômico da Paraíba, aquela estrutura em cima do prédio do Instituto Padre Ibiapina, na Treze Maio, por trás da Superintendência do Banco do Brasil, em João Pessoa. Quem por ali passar ainda pode ver a velha cúpula.
Onildo fazia parte de um grupo de abnegados que encomendavam lentes de São Paulo e construíam no Distrito Industrial, com o auxílio luxuoso do mecânico Zé Roldão, os canhões de telescópios artesanais, na mais fiel expressão do termo. Denominavam-se, com estatuto e tudo, Associação Paraibana de Astronomia.
Mas voltemos ao Observatório da Treze de Maio. Seu então diretor, Rubens Azevedo, foi um dos dois únicos observadores da Lua credenciados no Brasil quando do lançamento da Apolo 11 para o desembarque lunar dos primeiros seres humanos, ao que me informa Sílvio.
E foi ele quem avisou à Nasa de iluminescências, uns lampejos partidos de uma das crateras do nosso satélite natural. O fenômeno já era de todo há muito conhecido na Terra, mas era aquela a primeira vez em que podia ser visto do espaço, depois que a Nasa acionou a tripulação da Apolo 11. É mole?
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