Por Wellington Farias
Em depoimento para o documentário Justiça Contaminada – O Teatro do Lavajatismo na Paraíba, produzido pela TV Conjur, a ex-secretária de administração do Estado, Livânia Farias, acusa diretamente o governador João Azevêdo de haver negociado a sua prisão.
Lançado esta semana, o documentário traça um paralelo entre as operações Lava Jato (Curitiba) e Calvário (na Paraíba), com depoimentos de renomados juristas, e aborda a questões inerentes à prática de lawfare. No oitavo capítulo, Livânia afirma: “Tenho a certeza de que a minha prisão foi negociada pelo atual governador (João Azevêdo)”.
O vídeo de lançamento do documentário está postado no blog Dito e Feito-PB, clique aqui para assistir.
A certa altura de sua fala a ex-secretária de Estado detalha: “Eu tenho umas divergências com relação a essa questão de onde veio a pressão (para que ela fosse presa). Tenho a certeza de que a minha prisão foi negociada pelo atual governador. Agora, eu não tenho nenhuma dúvida de que o governador negociou a minha prisão. Nenhuma!”.
Dinheiro
O documentário lembra que em 3 de fevereiro de 2019, a Rede Globo veiculou no programa Fantástico, uma reportagem produzida a partir de vazamento de informações, mostrando o desvio de dinheiro pela Cruz Vermelha. No vídeo aparece Leandro Nunes Pereira, ex-assessor de Livânia em encontro com Michele Lousada, secretária particular do empresário Daniel Gomes da Silva, quando ela entrega uma caixa de vinho a Leanndro.
O episódio teria ocorrido num hotel do Rio de Janeiro. Segundo o documentário, o Ministério Público afirma que com as garrafas também estavam R$ 900 mil. “O Gaeco da Paraíba se refere a este episódio como crime eleitoral”, lembra o narrador do documentário.
Num trecho do documentário o narrador diz ter Livânia afirmado que o dinheiro que o seu ex-assessor Leandro teria ido buscar no Rio de Janeiro foi para fornecedores da campanha eleitoral do governador João Azevêdo, em 2018.
Tem mais coisa…
Livânia acrescenta no áudio reproduzido: “Tinha 900 e poucos mil. Os fornecedores receberam. Um recebeu 300 mil, um outro recebeu isso; quem determinou foi Leandro (Nunes Pereira). Leandro foi meu assessor desde 2008. Tinha esse dinheiro. Naquele processo ali, o dinheiro foi para a campanha do governador atual. Eu só disse: Leandro, tem dinheiro lá no Rio. Ele disse: se só tem tu vais tu mesmo. Ele foi e levou para os fornecedores, para a campanha do atual governador. Para pagar antecipado, porque uma coisa era confiar no ex; outra coisa era confiar no que ia entrar.”
No documentário o narrador diz que esta explicação de Livânia, entre várias outras, foi deixada de lado pelo Ministério Público e pela Justiça paraibana, que focaram em acusações contra o grupo do ex-governador Ricardo Coutinho.
Mais adiante o depoimento de Livânia é retomado: “O único processo que andou foi esse que tem eu, Daniel, Michele e Leandro, que é da caixa de vinhos. E ai é que eu quero saber: o que é que o Judiciário daqui vai fazer. Porque se aquilo ali não for eleitoral, nenhum mais é. E eu acho que nem deveria ter chegado a tanto.”
No documentário também está registrado que “somente na delação de Livânia, o crime eleitoral foram mencionados 217 vezes.”
O outro lado
O Blog Dito e Feito procurou ouvir o outro lado: enviou mensagem de Whatsapp ao secretário de Comunicação do Governo, Nonato Bandeira, pedindo a versão do governador João Azevêdo sobre as acusações de Livânia. Até o momento da publicação desta matéria, 24 horas depois, não houve resposta.
O Dito e Feito-PB disponibiliza para o governador o espaço que achar necessário se desejar oferecer a sua versão. Tem qualquer tempo e qualquer.
No Documentário da TV ConJur está dito que João Azevêdo foi procurado para se manifestar a respeito, mas também silenciou.
Quem é
A TV que produziu o documentário pertence a Consultor Jurídico (Conjur), o mais influente site sobre a Justiça e Direito em língua portuguesa. Está dito na sua apresentação: “O site nasceu para ser fonte de informação sobre o que acontece nos tribunais, escritórios e no dia a dia do país sob as lentes do Poder Judiciário”.
A ConJur já publicou mais de 175 mil textos, entre notícias, artigos e entrevistas com grandes nomes do Direito. São oferecidos em seu banco de dados mais de 26 mil arquivos, entre decisões judiciais, petições e outros documentos oficiais.
O site tem, em média, 3,5 milhões de leitores por mês. Seu público é composto por advogados, juízes, ministros, professores, membros do Ministério Público, estudantes, jornalistas e empresários.
Lembrando
A secretária de Administração da Paraíba, Livânia Farias foi presa numa tarde de março de 2019, no aeroporto Castro Pinto quando chegava de Belo Horizonte, onde estava em viagem com a família. Ela era acuasada de corrupção por envolvimento no que o Ministério Público classifica como organização criminosa, envolvendo a Cruz Vermelha, Organização Social que gerencia hospitais no Estado
1 Comentário
Eu já tinha comentado a tempos atrás q tava parecendo a mesma história, os mesmo modos operantes da outra novela, só q com atores diferentes. O problema e quem vai pagar a conta da pessoa acusada sem provas.