Tomei a primeira dose da vacina e senti um esmorecimento no corpo, muita sonolência. Dizem que é a reação. Ainda bem. Teve gente que morreu depois da primeira dose. Fernando Ramalho, médico, morreu após tomar a primeira dose da coronavac. Ele estava infectado e não sabia. Lutava na linha de frente, salvou muitas vidas e esqueceu de se salvar.
Aguardo a segunda dose, em abril ela chega, anunciou a gentil mocinha que me atendeu no Santuário Mãe Rainha. Antes levarei a mulher para tomar a primeira.Ela é seis anos mais nova do que eu e por isso ficou no rabo da gata da fila de prioridades.
Meu amigo Severino ligou para dizer que a família inteira foi contaminada pelo vírus. Ele,a mulher e uma filha. A filha estava entubada quando nos falamos. A sua voz estava trêmula. Severino estava saindo da fase mais crítica.
Meu irmão Edmilson queixou-se de dor de cabeça após a vacina. Reação dolorosa que não me acometeu. Eu tive sono, Edmilson dores. A vacina é polivalente, dá sono, dor e as vezes mata, como matou Fernando Ramalho.
Reação diferente teve Francisco Florencio, o homem de Oropa, França e Bahia que depois de aposentado retornou ao sertão para desvendar os segredos da guerra de Princesa.
Eis o seu relato:
“Acabo de me vacinar. Aguardo metamorfose em lagartixa, o jacaré nordestino. Sugiro você lançar produtos customizados para elas. E, ara a promoção, o Blog dos Lagartixas. Os que renovaram a intenção de viver um tempo a mais, vão consumir adoidados pela privação dada pela pandemia. Quando passar, irei ao Recife e comerei durante 15 dias nos melhores restaurantes. Se morrer, morro de hepatite. Tomei a vacina chinesa coronavac. Tou começando a sentir uma tendência ao comunismo! Vade retro!”
A TV anuncia a morte da prefeita de Coremas.Ela passou 15 dias no hospital e não resistiu. A prefeita recepcionou o presidente Bolsonaro em Coremas no mês de setembro passado, mas isso não tem nada a ver com o vírus que a contaminou, eu acho.
Aliás, o que mais tem ocorrido é morte pelo Brasil afora. Perdi o amigo Wallace. Três dias depois morreu seu irmão, Wellington. Dias antes morria Luzia, amiga de Dona Cacilda. De Cabedelo a Cachoeira dos Índios os mortos se amontoam. As vagas nos hospitais se amiúdam, mas tem gente que ainda acredita nos contos da carochinha e não adota as medidas preventivas aconselhadas pela ciência. São os chamados negacionistas, fanáticos seguidores de um presidente insano que certamente prestará contas dos seus atos no futuro. A história é impiedosa com os tiranos. Hitler que o diga.
Por conta da vacina fui aconselhado a não beber. Serão 60 dias de jejum. Nunca passei tanto tempo longe de um copo. O pobre do Conhaque de Alcatrão de São João da Barra fica a me fitar lá do alto do refrigerador, me chamando de ingrato por ter me afastado dele depois de um ano de íntima convivência.
Mas um dia a gente retorna e retoma os velhos hábitos.
Pelo menos eu espero isso.
1 Comentário
Hoje foi um dia e tanto para o
Bolsonaro: recebeu um Não do
ministro Marco Aurélio, viu a
aposta dele na votação da 2a
Turma bater na trave, soube
da decisão da Anvisa de alterar
a bula da vacina Oxforf-Astra
Zeneca, e teve que dar posse
ao novo ministro da saúde
fora da agenda e sem cerimónia
no dia em que o pais lamenta
a morte de mais de 3 mil e
duzentos mortos.
Ainda pode ser que durma
com sons que lembram a
cozinha.
Que dureza!
Tadinho!