Memórias

Do Fundo do Baú!

2 de maio de 2024

A cidade de João Pessoa guarda um pedaço do ontem que faz o visitante que pisa no seu chão sentir-se transportado ao passado, personagem de um tempo vivido pelos que hoje habitam a lápide fria do Boa Sentença.

É o bairro do Roger, perto do centro da cidade. Casas e casarões guardando o antigo como presente, o passado em nome do futuro, o ontem para a nostalgia do hoje. Janelas de madeira trabalhada, onde certamente a mocinha que depois se tornou avó se postava para ver o amado passar em caminhar de amor.

As ruas são estreitas, como estreitas eram as ruas de antigamente. Em tudo se respira saudade. Até os que nasceram depois, feito eu, sentem-se personagens daquele tempo, moradores daqueles tetos, seresteiros daquelas sacadas de valsas e chorinhos de cavaquinho.

A igrejinha, com suas torres cor de rosa tem no alto de uma delas os dois sinos que ainda repicam aos domingos chamando os fiéis para a missa matinal. E nos dias de tristeza, tocam finados avisando que o Roger ficou com um morador a menos.

Na esquina da rua próxima, onde o menino corre atrás da bola, atrapalhando o caminhar do vendedor de manguzá com seu galão de comida nas costas, a mulher vende bolo de festa e salgadinhos com sabor de quero mais.

O cachorro preguiçoso caminha pelo calçamento irregular, ciente de que ali carro nenhum vai atrapalhar seu rumo.

Casais de velhinhos sentam-se nas calçadas das casas, de mãos dadas, olhando o por do sol e lembrando com a saudade própria de quem viveu aquele momento infinitas vezes.

É um pedaço de passado, ainda preservado, que vive ileso à sanha imobiliária da cidade, graças ao esforço dos próprios moradores, nativos e adotivos feito Vital Farias. E que deve permanecer assim, mesmo que a cidade toda se transfira para o mar, como vem acontecendo. Garanto que do Roger não haverá desertores

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1 Comentário

  • Reply joao marculino da silva filho 2 de maio de 2024 at 14:37

    Hoje de manhã saí de Jaguaribe para o Centro andando da Rua do centro administrativo em diante. Muitas casas pra vender, muitas casas invadidas. Na rua da caixa d’água da CAGEPA uma invasão onde era uma antiga farmácia de manipulação da Roval, tinha carro dentro, som nas alturas, rede, menino, cachorro. É um sentimento de um passado que já foi 🥲

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