Ramalho Leite
O imortal Ariano Suassuna costumava dizer que tinha atração por doidos. E contava inúmeras historias de pessoas com “parafuso frouxo”. (Que me perdoem a expressão pois, bastou Lula aplicá-la em frase inoportuna que desabou uma tempestade sobre sua fala). E lembrava que seu pai, João Suassuna, quando governou a Parahyba construiu a Colônia Juliano Moreira. Há um equivoco nessa informação. Em 1924, ultimo ano do governo de Solon de Lucena, visitando nossa Capital, Joaquim Ignácio, escritor e politico do vizinho estado do Rio Grande, registrou em livro: “Há, em adiantado estado de construção na Parahyba, um estabelecimento que, depois de realizadas as obras complementares que lhe são indispensáveis, será, no gênero, a couza mais importante existente em todo o Norte do Brasil. Os prédios já estão promptos e são dotados de amplas enfermarias coletivas, respectivamente para homens e mulheres…o dr. Joaquim de Sá e Benevides, que tem dirigido a construção da Colônia de Alienados…seguiu para o Rio de Janeiro onde foi fazer aquisição de moveis e de todo outro material necessário ao estabelecimento.” João Suassuna deve ter inaugurado a obra construída por Solon de Lucena. Feito o reparo, vamos aos “doidos”.
Houve uma época na Paraíba que figuras populares dominavam a cena social e eram sempre bem vindos em festas e restaurantes e, principalmente, em eventos oficiais. Eram tidos como amigos do Rei. Mocidade era protegido de João Agripino. Caixa D’Água, de Ernany Satyro e Carbureto, dos Gaudêncios. Eram figuras tão inteligentes que jamais poderiam ser considerados como alienados ou candidatos à vaga na Colônia. Caixa, por exemplo, era poeta e vivia dos livros que vendia de mão em mão e de uma ajuda da Loteria do Estado. Dias atrás, Gilberto Gil, visitando a terrinha, lembrou apenas um nome: o poeta Caixa D’Água. Quando, no governo Cassio construí pela PBPREV, o CEJUB, o bar ali existente recebeu o nome do poeta da “minha mãe se abruma”. Foi Carbureto que cravou: Prá ser doido na Paraíba, é preciso ter muito juízo. E Mocidade justificando a João Agripino discurso que fizera contra seu governo de quem era beneficiário: João, governo é pra sofrer mesmo…
É preciso pois, distinguir, de logo, a diferença entre as expressões Doido do Juízo e Doido de Juízo. A primeira talvez não seja aceita pelo politicamente correto. A segunda foi utilizada por Nairon Barreto, o Zé Lezim e, Jessier Quirino, como titulo para o show de humor que recentemente ofereceram ao publico paraibano. Não tenho conhecimento próximo com o Jessier, mas admiro muito seu trabalho. Nairon, todavia, conheço desde a adolescência. Éramos vizinhos no conjunto Pedro Gondim e Nairon era carona de Marta nas suas viagens ao Pio XII levando nossos meninos. Companheiro de meu filho Ricardo, enquanto meu pai dormia, retiravam a chave do seu jeep e percorriam as ruas do Conjunto. Foi assim que aprenderam a dirigir.
Devo registrar, com tristeza, que perdi o show, apesar de haver comprado os ingressos. Tomei conhecimento do sucesso e tenho certeza que essa dupla haverá de invadir outros palcos com a sua arte de fazer rir e transmitir alegria. Os dois artistas, nada têm de doidos do juízo. São dois artistas de muito juízo.
1 Comentário
QUANDO SE FALA EM OBRAS CONSTRUIDAS E QUEM AS CONSTRUIU, É IMPORTANTE VERIFICAR A “QUALIDADE’ E “INDENPENDÊNCIA” DO FALADOR. HOUVE, RECENTEMENTE, AQUI NA PARAÍBA, AUTOPROCLAMADOS “RENOMADOS INFORMADORES DE OPINIÃOS” DANDO CONTA QUE O GOVERNO – “PAI, FII ISPRITO SANTO” – DE BOLSONARO, TERIA SIDO O CONSTRUTOR DO CANAL DE TRANSPOSIÇÃO DE ÁGUAS DO SÃO FRANCISCO. DIZEM QUE AS PÁGINAS ACEITAM TUDO QUE NELA SE ESCREVE, CABENDO AO DESTINATÁRIO, CUIDAR-SE PARA NÃO ENCHER O QUENGO COM “INFORMAÇÕES” SOBRE FATOS ENEXISTENTES E ALÉM DE INEXISTENES, AMPLIADOS.
POR FALAR EM OBRAS, VISITEI UM AMIGO LÁ NO CONJUNTO MAJOR VENEZIANO – CAMPINA GRANDE – E FIQUIE “INCRIVI” COM A QUANTIDADE DE RUAS ESBURACADAS. UMA OBRA NOVA E JÁ SE ENCONTRA INEXISTENTE, PORQUE NÃO TEM MAIS ASFALTAMENTO EM CONDIÇÕES DE VIABILIDADE ADEQUADA E COMPATÍVEL COM O QUE FOI GASTO NA SUA CONSTRUÇÃO. SE O MINITÉRIO PUBLICO INVESTIGAR VAI DESCOBRIR O QUÊ OS RESIDENTES DO CONJUNTO JÁ SABEM: EM BREVE IRÁ DE SE GASTAR OUTRA FORTUNA PARA SE REFAZER O QUE NÃO FOI FEITO E OS “HOMENS DE IMPRENSA E COLIGADOS AO PODER” ESTARÃO APLAUDINDO, SEM RESSALVAS OU QUESTIONAMENTOS. ALIÁS OS EFLÚVEOS DE TAIS PERFUMES ATIRADOS NOS EGOS DOS MANDATÁRIOS, PELOS MIDIÁTICOS, POSSUEM ELEVADOS PREÇOS POSTOS NA CONTA DOS MEROS PAGADORES DE IMPOSTOS E OBRIGADOS AO VOTO. OBVIAMENTE QUE TAIS CUSTOS PODEM SER INDEXADOS NOS INVESTIMENTOS DESTINADOS AO “REFAZIMENTO” DA OBRA, SEM MENCIONAR OS GASTOS COM A EPIFANIA DOS dEUSES QUE PARTICIPARÃO DA NOVA INAUGURAÇÃO. A “OBRA” TERÁ, NOVAMENTE, CURTO PRAZO DE SERVENTIA E UTILIDADE PARA VIABILIZAR NOVOS ATOS DE RECOMEÇO E RECONSTRUÇÃO. PENSADOS, PLANEJADOS E REPLANEJADOS, EM NOME “DAQUILO”. É IGUAL AQUELAS LOMBRIGAS RECLACITRANTES EM SAIR DO “CÁ PRA NÓS” DE UM CONHECIDO ESCRITOR, NÉ RAMALHO!