Domingo eu vou a Monteiro

Eu vou pra Monteiro domingo só para anotar os nomes dos ausentes. Depois faço uma comparação com as presenças de 2017 e, daí, digo quem foi na outra vez e deixou de ir agora. Com certeza vou cansar o dedo de tanto escrever nomes, mas não ligo. São os ossos do ofício. Ou do orifício, como dizia aquele desportista.

Notei hoje pela manhã a Rádio Correio tentando esvaziar o ato público de domingo. Um repórter afirmava que se tratava de ato político, pessoal do ex-governador Ricardo Coutinho, etc etc. Também garantia que o Governo Federal estaria ultimando os preparativos para retornar o bombeamento das águas, paralisado, segundo ele, no Governo Temer.

Quanto ao ato político, o argumento não voga. O outro ato, o de 2017, também foi político e tinha gente pendurada no saco de Lula.

Quanto a outra desculpa…

Estamos em setembro praticamente. Nove meses se passaram da posse do novo presidente. Uma gestação humana, por assim dizer. E somente depois das denúncias e das imagens mostrando o canal destruído pela sequidão do sol, vem a notícia insossa e insípida de que a paralisação se deu no Governo Temer.

A gente vai conferir domingo. Vou dar um passeio pelo leito seco do canal. Vou filmar, fotografar e depois mostrar. Vamos pegar gente na mentira.

Mas eu falava da outra vez e da vez de agora. Em 2017 teve um deputado que sobrou no ônibus em que viajavam Lula, Dilma, Ricardo e comitiva. Deu o estopô balaio, chorou, se descabelou e saiu correndo, com as canelas de sibito batendo na bunda, tirando de Campina até Monteiro num rojão só. E ao chegar lá, pendurou-se no palanque e ficou pendurado até ser puxado por um coração piedoso para perto dos seus ídolos. Pois agora o cidadão está propenso a não ir. Por que mudou tanto? Será a falta de Lula no palanque ou se deve a fatores astrológicos que mudam o humor das pessoas de acordo com a posição da lua?

Vou estar lá, sim senhor. De câmera na mão, lápis destampado e papel aberto para escrever nomes.

E vou citar um por um. Quem foi, quem não foi e quem deixou de ir.

Se vão ficar com raiva?

Podem morrer do bofe. Eu nem ligo.