NOSSOS REPÓRTERES POLICIAIS
Os carros da polícia passavam com as sirenes ligadas, o povo corria, gente espiava de longe, o tumulto era generalizado. Dentro de uma casa enorme, bandidos cercados mantinham uma família refém. Tiros eram disparados, ninguém entrava, ninguém saía. De longe fotógrafos apontavam as velhas máquinas Yashica. A PM cercava o imóvel, para evitar acessos e fugas. De repente, alguém viu um vulto pulando o muro. Correria, policiais atarantados, quem seria o doido? Era Zé de Souza, repórter de A União, da velha escola de repórteres policiais com coragem para arriscar a vida atrás de um furo.
Zé de Souza foi o melhor repórter policiais da imprensa pessoense. Não escrevia, gramaticalmente, nada que prestasse. Seus textos tinham que receber a burilação do copidesque. Porém, nunca perdeu uma reportagem e foi responsável por furos monumentais.
Juarez Félix, mais antigo do que ele, eu conheci na redação de O Norte, editando a página policial, já perto dos setenta. Também tinha fama de bom repórter e recebia os cumprimentos respeitosos dos colegas.
A crônica policial de João Pessoa, por sinal, foi muito rica nos idos de 1970. Além de Zé de Souza e de Juarez, não se pode esquecer a figura de Jota Batista, um negrão tomador de cana, língua presa e feio, mas que, quando falava na Tabajara com seu jeito desmantelado, chamava a atenção. Num diapasão mais burilado, mais teatral, sobressaia-se Jair Santana, o Boca Quente, que fez história no rádio com programa diário, primeiramente na Correio da Paraíba e depois na Sanhauá.
Metido a brabo, Jair manteve peleja com Zé Maria Fontenelli por causa das casas do Conjunto dos Radialistas, que Zé jurava terem sido desviadas para amigos de Jair em troca de pagamentos suspeitos. Naquela época, Jair presidia o Sindicato dos Radialistas e conseguiu com a Cehap um conjunto habitacional para jornalistas e radialistas.
O conjunto foi erguido ao lado do Ernesto Geisel e muita gente boa ganhou casa no local. Zé Maria denunciou que Jair dera casa a médicos, bancários e similares. Jair não gostou. Começou, então, a querela, até que veio o desfecho sangrento.
Havia uma festa na API. Jair e Zé se encontraram no topo da escada, os dois bateram boca, Jair disse que ia pegar Zé à unha, Zé valeu-se de um canivete e deu um furo na barriga de Jair Santana. Quando o negro viu aquele buraquinho e dele sair um fiozinho de sangue, ficou branco na hora. Gritou: “Acudam-me que tô morrendo”. Começou a desmaiar, mulheres gritavam por perto, Calecina correu com uma garrafa de álcool para desinfetar a ferida e um grupo se formou, sob o comando de Carlos Abrantes, para linchar o agressor, que àquela altura já corria pelos telhados da Aspep, ganhava a rua e se escondia no Cine Municipal, debaixo do birô de Luciano Wanderley.
Ao se falar em repórter policial, não se pode esquecer Enoque Pelágio do Carmo, o mais famoso deles, o chamado “Homem da Verdade”. Fez tanto sucesso na Rádio Arapuan AM que se candidatou a vereador por João Pessoa e se elegeu com a maior votação da história da Câmara.
Enoque tinha uma voz inconfundível. E era muito feio, embora isso não impedisse que tivesse três mulheres e filhos espalhados pelos diversos bairros da cidade. Havia um motorista de ônibus, seu sósia, que se deparou com desafetos dele e, por conta disso, levou a maior surra. Pelágio morreu num acidente misterioso, nas proximidades do Conjunto Castelo Branco, após bater com o carro num poste.
Carlos Vasconcelos, Joel de Brito e Marcônio Edson, o “Chapéu de Couro”, foram outros que brilharam na crônica policial.
Sem esquecer Anacleto Reinaldo, o Chumbo Grosso, que começou no jornal e se destacou no rádio e na TV. Era pornográfico sem ser grosseiro e tinha fama de valente.
E o mais elegante de todos foi, sem dúvidas, Humberto Lira. Andava sempre de paletó e gravata, com um bigode enorme a lhe enfeitar o rosto. Trabalhou até alcançar a aposentadoria. E mesmo depois de aposentado, era mantido na redação do Correio “para dar exemplo aos mais novos”. A Covid o levou.
MEMORIAL PEREIRA LIMA
Ontem, finalmente, foi inaugurado o Memorial Pereira Lima. Trata-se de um resgate à memória de dois grandes homens de Princesa, Aloysio Pereira e seu pai, o coronel José Pereira Lima. Não fui por causa da pandemia, mas as informações dão conta de que a festa foi muito bonita. Palmas para Zé Pereira, filho de Aloysio e neto do coronel, pela iniciativa.
O VELHO BOTELHO
E Sérgio Botelho, o eterno Sérgio, alcançou a incrível marca dos 71 anos mantendo a mesma cara que tinha quando ficou de maior.
6 Comentários
A rádio Tabajara bem que poderia colocar uns arquivos no YouTube do saudoso radialista Carlos Vasconcelos.
A história do rádio fica tudo no esquecimento, lamentavelmente!
Tião, esqueceste o famoso duelo com Anacleto Reinaldo, ele de um lado apontando um revólver para Anacleto e Anacleto do outro, riscando a faca no chão, um dizendo de lá “não venha”, o outro respondendo de cá, “não venha você”. A famosa cena hollywoodiana que nunca houve!
Ele quem?
O senhor mercado diz através das
vozes de Salim Mattar e Eliane
Castanhede que o Paulo Guedes
já era. Isso antes do Bolsonato
anunciar que vai intervir nas
contas de energia elétrica.
Se o mercado é contra preço baixo
para os combustíveis, e quer por
que quer o preço do diesel igual
ao cobrado no Golfo do México,
imagina a energia elétrica.
A ampulheta ( não confudir com outra
coisa) do Paulo Guedes pode ter
sido acionada.
E quem virá para o lugar dele?
O Gustavo Franco?
O Arminio Fraga?
O primeiro seria como trocar 6 por
meia dúzia. Já o segundo dizem
que é omentor econômico do
Luciano Huck.
Mas quem sabe o novo conselheiro
econômico do Bolsonaro, o Collor
de Melo não sugere uma mulher?
Aí poderiamos ter em vez de Dona
Zélia, a Dona Mônica.
..
Mas é bom não esquecer que em
se tratando de energia elétrica tem
um outrto Paulo na jogada
Conheci Zé de Souza na redação de O Norte. Lembro de um furo incrível que deu sobre a morte de um rapaz em Intermares, numa casa de espetáculos em que o filho de um desembargador promovia festas, e cujo suspeito da morte era o filho de um vereador de João Pessoa. Sem inicialmente revelar qualquer desses dois fatos, gerou manchetes por várias semanas até alguém pedir a cabeça dele e o assunto sumir do noticiário.
Zé Maria Fontenelli que duelou com Anacleto