A BELA DEMA
Dema era uma morena de 35 anos, com cara de 60. Os cabelos grisalhos, a cintura gorda, a bunda caída e a cara enrugada não a faziam, todavia, sentir-se menos bela. Ao contrário, dizia que ainda dava no couro e fazia programa todo santo dia.
Passava o dia varrendo os corredores do Fórum, mas à noite fazia ponto no Cabaré de Terto, na Rua da Palha, onde, segundo ela, a clientela era fiel e crescente.
Acreditar nela, todos acreditavam. Não tinha jeito de mentirosa. A sua simpatia a tornava merecedora de crédito. Moça de boa conversa e de conversa inteligente, é bom dizer.
Nasceu em Teixeira, mudou-se para Princesa depois de viver alguns anos em São Paulo, cidade que renegou devido às desilusões.
Era puta nova em São Paulo e numa certa noite andava com uma colega de trabalho quando o assaltante apareceu. Tomou o que elas tinham e, não satisfeito, deu cinco tiros em Dema.Não morreu, mas herdou sequelas. Perdeu um rim e o baço.
Ainda no hospital recebeu a visita de Quidute, o homem com quem dividia o cobertor. O médico, com aquele ar de médico, contou o acontecido e a consequência:
– Ela perdeu um rim e o baço.
E Quidute, pesaroso:
– Até que eu gosto dessa mulher, doutor, mas como é que vou viver com uma pessoa faltando um braço?
Dema ria, lembrando esse detalhe. Quidute era um safado. Dema tinha economias guardadas em casa, Quidute sabia das jóias e dos mil reais que ela juntou, tostão por tostão, sonhando com a volta ao Nordeste. Pois caçou o dinheiro, achou e passou uma noite de marajá no cabaré. Gastou tudo.
Mas Dema, couro grosso de nordestina paraibana, resistiu a tudo e finalmente recebeu alta. Voltou para casa, procurou os pertences e só encontrou Quidute acocorado num canto de parede, desconfiado.
Apertou o amante e ele terminou confessando a gastança.
Que, candidamente, explicou:
– Minha filha, fiz isso porque pensei que você ia morrer.
A PASSEATA
Tão logo foi proclamada a vitória de Antonio Nominando Diniz sobre Joaquim Mariano e Miguel Rodrigues, em Princesa, uma passeata gigantesca começou a se formar em frente à Casa Grande dos Diniz, na Praça José Nominando, para comemorar a vitória.
Chegava gente dos bairros e da zona rural. Os bares da Rua São Roque foram autorizados a fornecer bebida a granel a quem quisesse beber. E caminhões, jipes, rurais e ônibus transportavam eleitores dos lugares mais distantes para a festa da vitória.
O candidato vitorioso discursava em cima de um palanque improvisado anunciando tempos novos para a cidade de Princesa. E o povo aplaudia aquecido pelo álcool das prateleiras de Maria do Ó, de Pompilio Antas, de Arlindo Silva, de Mirabô Teodósio e de Toinho Fernandes.
A campanha fora difícil. Antonio Nominando abandonara a Assembléia Legislativa para reconquistar a Prefeitura, nas mãos dos Pereira fazia tempo. Ele sozinho enfrentando dois candidatos poderosos, Joaquim Mariano, ex-prefeito de Manaíra, homem rico e querido pelo povo de Princesa e Miguel Rodrigues, comerciante e, embora tímido, carregando nos ombros a responsabilidade de representar a família do coronel, já que era casado com uma prima dele.
Muitos não acreditavam na vitória de Nominando, tão difícil a campanha se apresentava. E com a abertura das urnas,a festa teria que ser a maior da história da cidade.
A passeata sairia da Praça José Nominando, circundaria o pátio da igreja, desceria até a metade da Rua Nova, entraria pelo beco de Severino Barbosa até alcançar a Rua do Cruzeiro e o Cabaré de Estrela, de lá voltando pelo mesmo caminho até chegar de volta à Rua Nova, quando então dobraria à direita para circundar a Praça Epitácio Pessoa, passando em frente ao Palacete dos Pereira.
Foi aí que a coisa esquentou. Os Pereira avisaram que na frente do sobrado ninguém passaria. E da ameaça a ação foi um pulo. Cinquenta homens fortemente armados foram colocados por detrás do muro do palacete com ordem para disparar na multidão, assim que ela passasse pela praça.
Um emissário foi enviado aos chefes da passeata, que a essa altura já retornavam do Cruzeiro para cumprir o resto do roteiro.
Não houve ponderação que desse jeito. A turba assanhada e encachaçada não abria mão de afrontar o lado adversário. Estava armado o confronto. Era questão de minutos para acontecer o banho de sangue.
Um capitão que o Comando da Polícia mandou a Princesa para dar mais segurança à eleição evitou a tragédia.
Assim que a passeata surgiu na esquina da padaria de Tião Basílio, à frente o candidato eleito e mais algumas figuras de proa da cidade, como o jovem médico Zezito Sérgio e o vice-prefeito Miron Maia, foi barrada pela Polícia, que enfileirada e apontando seus fuzis, interrompeu o tráfego a partir da esquina e até a praça. Houve bate-boca, mas a Polícia não arredou o pé de onde estava.
Alguém gritou: – Vamos invadir a cadeia!
E assim foi feito.
O capitão, com seus policiais, correu por um atalho e chegou na velha cadeia da Tenente Oliveira antes dos manifestantes. Que tentavam entrar na força e na marra, quase arrombando a porta da frente.
Foi ali que houve um diálogo entre o capitão e o médico.
Tentando acalmar os ânimos, o capitão chamou Doutor Zezito Sérgio de Zezito, e este, ofendido e exaltado, não o deixou prosseguir:
-Me respeite, sou titulado, me chame de doutor Zezito.
Nesse meio tempo, o velho líder Nominando Muniz Diniz, pai do prefeito, dirigiu-se às pressas ao telégrafo para denunciar “as arbitrariedades” do capitão ao governador do Estado.
O capitão deixou Princesa pela madrugada, os manifestantes, que ainda se recuperavam dos excessos da véspera, não o viram partir.
Antonio Nominando tomou posse dias depois.
E fez um bom governo.
3 Comentários
Zé Ramalho cancelou a participação
dele no novo disco daquele cantor
sertanejo bolsonarista.
E fez mais: desautorizou o uso da
música “Admirável gado novo”, de
sua autoria.
A cantora Maria Rita ( filha de Elis
Regina), e o cantor Gulherme
Arantes também cancelaram as
suas participações.
CAMPINA GRANDE JÁ TEM CADASTRO
RESERVA DE VACINAS PARA UTILIZAÇÃO
DAS DOSES QUE SOBRAM NOS POSTOS
DE VACINAÇÃO CONTRA COVID-19.
CADÊ O DE JOÃO PESSOA?
TOMARA QUE O CADASTRO E O
AGENDAMENTO EM CG SEJA BEM
MAIS EFICIENTE.
A mídia, hoje, rasga “elogiios” ao
presidento.
● Estadão – …. ” A irresponsabilidade
de sexta-feira não ficará impune…”
● Folha de SP – ” Custo Bolsonaro
cobra fatura com dólar, juros,
inflação, e miséria em alta”
● Globo ( Merval Pereira) ” Aposta
de Bolsonaro mostra ousadia de
blefador compulsivo”
Hoje tem ” música ” no Fantástico?