DOMINGUEIRAS DO TIÃO

UM BALANÇO DOS MEUS DIAS

Peguei-me fazendo um balanço dos meus dias e não gostei do resultado. O time está desfalcado, muita gente boa já não frequenta mais o estádio da vida, partiu na busca de outros rumos deixando um rastro vazio marcado na areia dos anos.

Conto nos dedos os que ficaram.E os que ficaram envelheceram, falam pausadamente, andam devagar, quase parando, o brilho dos olhos emudeceu.

Ontem conversava com parentes ao redor da mesa do café. E, ao contrário de vezes anteriores em que imperou a anedota, o fuxico e as “últimas do dia”, falávamos de testamento, de herança, do que vai sobrar para os descendentes.

Tá certo, ninguém nasceu pra semente, todos vamos embarcar numa viagem sem volta, querendo ou não. Mas precisava tanta pressa?

Não faz muito tempo, estávamos ali no Bar da API cantando músicas penosas e enchendo o bucho de cerveja. Quando não era lá, era na Fava de Ibraim na 13 de Maio ou na Flor da Paraíba ou no Bar de Seu João, todos eles , hoje, de portas fechadas, retratos do passado, lembranças adormecidas.

E me vejo e vejo os que restaram descambando dos 60, chegando aos 70, as juntas doendo,as “animações” sepultadas, a vista ficando curta.

Melhor idade? Não sei onde está o melhor, se na dor que cobre o corpo, na lembrança esmaecida que invade a mente ou na saudade infinita que enche o coração.

Que me desculpem os que teimam em jogar essas verdades para debaixo do tapete.

Eu não penso como vocês, embora não os censure por continuarem se iludindo com a vida que não se acaba, ou com a existência de outra vida.

 

ILZENI FRANCA

Os filhos, netos, bisnetos, parentes e amigos fizeram fila para abraçar e beijar Dona Ilzeni Franca, víuva do saudoso Damásio Franca e mãe do meu dileto amigo Chico Franca.

96 anos bem vividos.

E bem comemorados.

E que a data se reproduza por muitos e muitos anos.