DOMINGUEIRAS DO TIÃO

O RASTRO

O coronel Zuza Pinheiro só tomou conhecimento do chamego de Ritinha, sua filha, com o vaqueiro Anacleto, depois do fato consumado.

Os dois sumiram no oco do mundo, cientes de que jamais receberiam o consentimento do velho para a continuação do namoro e, claro, consumação do casamento.

A reação foi violenta.

Convocou a cabrueira, indicou o vaqueiro mais antigo e tido como brabo para comandar a tropa e deu a ordem:

– Tragam Ritinha viva. O cabra safado pode ficar lá, me contento com os cunhões dele.

E ainda arrematou:

– Só me voltem com algum resultado.

O namoro de Ritinha com Anacleto era do conhecimento da fazenda inteira, mas o coronel, sempre ocupado com as coisas da terra e com as quenguinhas que ele sustentava na zona rural e na vila de São José, mal tinha tempo para ver os acontecidos dentro de sua própria casa.

Por isso a reação violenta, a necessidade de ver sangue escorrendo para ter a honra lavada e restaurada.

– Não me voltem sem resultados -, foi a ordem a ser cumprida. E teria que ser cumprida à risca, sob pena de sobrar para a jagunçada.

Armados até os dentes, 22 cabras saíram no rastro dos fugitivos.

E depois de uma semana sem dar notícias, finalmente a tropa apontou na colina de onde se avistava o imenso poderio do coronel Zuza Pinheiro, o gado comendo o capinzal, a casa grande toda branca e rodeada de colunas, o açude de quase 100 quilômetros de extensão, além das casinhas de moradores, uma delas antes ocupada pelo infeliz que lhe roubou a filha única.

Os homens traziam os semblantes carregados, não tinham cara de vencedores, pelo contrário, via-se neles o retrato do fracasso, da viagem perdida, da busca em vão.

Coube ao vaqueiro antigo e designado chefe da tropa, falar com o coronel em nome do bando.

-Seu coroné, encontramos os dois, ou melhor, o rastro deles e imediatamente voltamos para lhe dar a notícia. E não é notícia boa. Notícia ruim mesmo. O rastro que a gente viu na areia do rio recomenda que não se persiga mais o casal, antes o senhor deve aceitar os dois na sua casa como parte da famia.

-E que diabo de rastro foi esse, homem? – indignou-se o coronel.

E o vaqueiro velho:

– Na areia do riacho a gente encontrou um rastro de dois cotovelos, uma bunda e um cocó.

 

NIVER DE LURDES

Minha amiga Lurdes Virgulino, ou Lurdes de Doutor Edson como a chamamos, aniversariou esta semana. Oitenta anos bem vividos. E continua com a cara de 30. Que tenha muitos anos pela frente.

 

NIVER DE DEIJACI

Deijaci Araujo, amigo de A União, cabra bom do Vale do Piancó, comemorou mais um ano de vida ao lado da família e de amigos.