ANTONIO CONRADO E O CALOTE NO MOTORISTA DE TÁXI
Fazia tempo que não se via tanta gente como se viu na noite em que o taxi parou na frente da casa de Antonio Conrado e ele desceu do veículo dizendo que ia pegar o dinheiro da corrida e não mais retornou, deixando o taxista com as mãos na cabeça, condenado a retornar ao Recife sem dinheiro para botar gasolina no automóvel.
Gente assim se via nos comícios e nas missões de Frei Damião.A Rua Grande ficou lotada. Mulheres saíam de casa em trajes de dormir, homens vestiam os pijamas que os adornavam enquanto permaneciam nos braços de Morfeu, as putas do cabaré desceram do Cruzeiro somente para ver a novidade, o carro parado, a luz com o nome táxi acesa despertando a atenção, o taxista desesperado chamando pelo cliente e Antonio Conrado calado, no silêncio e no escuro, sem dar notícia.
Contou o taxista que estava no bem bom de sua praça, tirando um cochilo depois do almoço, já pensando em guardar o carro e não trabalhar mais, porém a oferta daquele homem bem apessoado, educado no andar e na voz, foi por demais tentadora: queria que o levasse a Princesa Isabel sem importar o valor da corrida.
Solícito, o taxista abriu a porta traseira do veículo, o passageiro se acomodou e começou a viagem. Passaram por Vitória de Santo Antão, Gravatá, Bezerros, Caruaru, Belo Jardim, Arcoverde, pararam para jantar em Custódia (o taxista pagou a conta porque o passageiro estava indisposto), prosseguiram na estrada de barro que começava em Sítio dos Nunes, passava por Flores, Jericó e finalmente Princesa, a essa altura já no escuro das dez da noite, com o motor desligado pelas mãos de Zé Orestino e a cidade na maior solidão, sem um pio de coruja a perturbar a calma, sem voz de seresteiro a cantar modinhas de amor.
Assim que o carro parou na frente do estabelecimento comercial de Antonio Conrado, que era o próprio passageiro, este desceu e mandou o taxista aguardar. “Vou buscar o seu dinheiro”, avisou. Mas cadê o homem? Entrou, nem candeeiro acendeu. Só se ouviu a zoada da tramela trancando tudo por dentro, até que o taxista, cansado de esperar, começou a bater forte na porta, acordando a vizinhança e o resto da cidade.
A polícia chegou, mas não teve nada a fazer. Do mesmo modo agiram os guardas noturnos Manoel Cardoso e Seu Dezim. Alguém sugeriu arrombar a fechadura com tramela e tudo, mas quem se atreveria a comandar a invasão do domicílio? Só se fosse com ordem do juiz ou do promotor, que aquela altura se fartavam nos braços de Pixuita e Lurdes Branca, sem deixar rastros que pudessem apontar seus paradeiros.
O desesperado motorista foi salvo pela vaquinha dos comerciantes, que, penalizados, se juntaram e arranjaram alguns trocados para ele abastecer o carro no posto de Zé de Horácio, gentilmente retirado do seu cochilo noturno para abrir a bomba e atender a emergência.
E assim o homem retomou o caminho para Recife, praguejando contra o “doutor” que o iludiu dizendo-se homem rico e importante na cidade de Princesa.
Somente quando não havia mais perigo de retorno, Antonio Conrado botou a ponta do nariz na brecha da porta, mesmo assim para chamar de “corno fela da puta” o presepeiro Chico de Nêgo, que, cheio de cachaça, gritou a plenos pulmões:
– Abre a porta, Lagatão!”
SOCORRO, ADEUS!
Ela tinha sempre um conselho na ponta da língua para os meus arroubos. Mas o fazia com o sorriso da compreensão e a cumplicidade da conterrânea, conterrânea querida, que como eu amava a terra natal sem limites de sentimentos.
Participava ativamente das discussões nas redes sociais, principalmente no grupo da terrinha, com o qual cooperava publicando textos e fotos de antigamente.
Esta semana a perdemos. Foi embora sem alardes, com a mesma discrição e elegância que moldaram sua vida.
Saudades deixou, e muitas. Socorro Diniz não terá substituta.
GEORDIE, O ANFITRIÃO
Geordie Filho e sua Wanderleia exercitam a arte de bem receber na bela vivenda de Lucena, litoral norte da Paraíba. Ali os visitantes são recepcionados com muita comida e bebida.
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