MARCOLINO E XANDU
Xanduzinha dormia e acordava com seu coração em dúvida. Não sabia se escolhia o preferido do seu pai ou o da sua mãe. O pai gostava de Severiano, acadêmico de Medicina, rapaz de futuro. A mãe simpatizava com Marcolino, estudante de Direito, dado a valentias, sem muito futuro. Os dois eram bonitos, Severiano, mais comportado, um moço de bom tamanho e de feições nobres; Marcolino levava o jeito debochado do sertanejo, largado, abusado, com dois olhos azuis a desafiar o mundo.
Em Patos de Irerê era a mais bonita e cobiçada do lugar.
O pai, o mais rico da região, servia de barreira para os gulosos olhos dos menos afortunados.
Só dois tinham chances nessa briga. Dois universitários, dois primos, dois jovens de inquestionáveis qualidades e de questionáveis vocações.
E Xanduzinha no meio dessa guerra, sem saber o que fazer, sem poder decidir.
Até que os primos, que dividiam os espaços de morar e viver, concluem que cada um tem que viver a sua vida.
Ambos morando em Salvador, na Bahia, para receber no futuro os diplomas universitários, tinham que se submeter ainda a muitos percalços para alcançar o sonho.
Marcolino avisa a Severiano:
– Vou embora, isso aqui não é pra mim.
Entre curioso e alarmado, Severiano termina concordando. Mas faz um último pedido:
– Você me entregaria essa carta a Xanduzinha?
Era uma carta de amor, de promessas, de esperanças, de pedido de casamento.
Marcolino, sem a menor cerimônia, abriu a correspondência, leu e a rasgou.
E em Irerê, ao se encontrar com Xandu, contou:
-Recebi uma carta de Severiano pra você, abri, li e rasguei porque quero ser seu marido. Você aceita?
Xanduzinha aceitou.
Os dois se casaram e viveram felizes para sempre.
Até letra de música ganharam de Zé Dantas e Luiz Gonzaga:
“O Caboclo Marcolino tinha oito boi zebu
Uma casa de varanda, dando pro norte e pro sul
O paiol tava cheinho, de feijão e de andu
Sem contar com mais uns cobres
Lá no fundo do baú
Marcolino dava tudo
Por um cheiro de Xandu.
NIVER DE COMADRE TEREZINHA
Esta semana foi de festa na bela vivenda dos Mariano, no Castelo Branco, para comemorar o aniversário de nossa comadre Terezinha, companheira de uma vida inteira do sempre lembrado e jamais esquecido Paulo Mariano. Para ela, toda felicidade do mundo.
2 Comentários
Onde fica a bela casa antiga da foto?
Casa de Marcolino e Xandu, em Patos de Iererê