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Domingueiras do Tião

9 de janeiro de 2022

O CRIME DE ZÉ PEREQUETÉ

Rosa rezara aos pés da santa, Nossa Senhora do Bom Conselho, pedindo graças para o filho de cinco anos. Não pedia nada para ela, perdera o gosto, a vaidade. Viúva de luto fechado, não desejava outra coisa na vida que não fosse ver o filho crescer e se manter por conta própria.

Naquele dia esquecera a hora de voltar e, quando deu fé, o sol já se punha no Alto dos Bezerra.

Pegou na mão de Mundinho e seguiu para o Sítio Várzea, onde morava com ele na casinha por trás dos montes, pequena, sem luz elétrica, de um cômodo só, herança única  do falecido.

Na parede do Açude Velho Zé Perequeté, vizinho de sítio, espreitava.

Vigiava a viúva fazia tempo, desejava um chamego que sempre lhe era negado.

Naquela boca de noite aconteceu.

Investiu sobre a mulher, ignorou a criança, serviu-se dela e, para eliminar testemunhas, matou-a com cinco facadas.

Mundinho viu tudo, jogado num canto da estrada.

Zé, terminado o serviço, foi embora.

Rosa ficou estendida na estrada, furada de faca, se esvaindo.

Parentes tardios surgiram para chorar a morta e cuidar da criança.

Um tio de São Paulo levou Mundinho para morar com ele.

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O sítio não mudara muito nesses 17 anos, constatava Mundinho. As mesmas casas conjugadas, a bodega de Pedro André, a capelinha, o curral com sua porteira de madeira grossa. Havia de novo um restaurante a receber os lordes da cidade, que ali apareciam para experimentar o bode com cuscuz de Dona Quitéria.

A casinha da mãe fora demolida. Não sobrou nada, nem o alicerce.

E a casa de Zé Perequeté continuava no mesmo endereço.

**

Era hora do descanso pós almoço.

Zé comeu bem.Encheu o bucho, bebeu dois canecos d`água, acendeu o cigarro de fumo e deitou na rede armada na sala para o deforete.

Estava ali espiando a cumeeira da casa enquanto as galinhas ciscavam no terreiro e o galo tarado as perseguia atrás de fazer ovo.

Mundinho espiou por debaixo da porta, viu a rede, o corpo dentro dela e apontou o 38, de onde saíram seis bocas de fogo. Seis tiros foram disparados, quebrando o silêncio da tarde. Seis buracos se abriram na rede, por onde se via o sangue jorrar.

 

ACONTECEU NO LOVINA

Dizem os que lá estiveram que foi a festa do ano, tanto pelo requinte quanto pela qualidade dos convidados. Ali estavam desde o prefeito de João Pessoa ao ex-ministro e presidenciável Sérgio Moro, sem contar os deputados, daqui e de alhures, que foram felicitar o aniversariante, deputado Julian Lemos, que não economizou nos gastos e na variedade dos quitutes.

Camarão, a comida da moda, deu no meio da canela. E o uísque escocês envelhecido deixou todo mundo alegre.

Tímido no início, Sérgio Moro castigou no uísque e se soltou. No final, até arminha fez.

De destacar as presenças dos deputados Pedro Cunha Lima e Ruy Carneiro, em tese bolsonaristas, mas flagrados em animado e reservado papo com o hoje principal desafeto do presidente.

Foi, como dizia finado Jo, um verdadeiro SU.

 

OLHA O CADÁVER

Foto meramente ilustrativa

E aquele perfil Paulomiranda 1309 está de volta nos comentários dos escritos do Professor Flávio Lúcio. O interessante que o cidadão acha que ninguém sabe quem é ele, saído das catacumbas de um certo prédio da Praça João Pessoa.

 

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