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Domingueiras do Tião

30 de janeiro de 2022

EXPEDITA COR DE JAMBO

Expedita, cor de jambo, corpo de deusa, cabelos de índia, boca de pecado, peitos de artista de cinema, era cobiçada pelo mundo masculino, que só tinha o direito de ver com os olhos e lamber com a testa.

Seu dono e senhor era o fazendeiro de rosto vermelho e olhos azuis, dono de imenso rebanho bovino, das maiores fazendas da região,de quase todas as casas – inclusive a dela – do bairro do Cruzeiro e adjacências, falava-se até em baús entupidos de notas graúdas guardados a sete chaves na bela casa branca situada na subida para a Rua da Lapa.

Tinha boa vida, vestia-se com elegância, só usava do bom e do melhor, seus vestidos eram feitos sob medida, cobriam o corpo e mostravam os contornos –  e que contornos! -, mas ali só o velho e rico senhor chegava, abraçava e amava.

A vizinhança tinha medo de se aproximar. Ainda estava recente a surra de cipó de boi ministrada no enxerido jogador de futebol que, se julgando bom de drible, tentou driblar a vigilância montada em torno de Expedita e provar da fruta.

Ela vivia assim, de beleza e de suspiros, debruçada na janela da vistosa casa, olhando o tempo passar.

Até que chegou na cidade o circo de Xexéu.

Todo mundo só falava do circo e do trapezista que voava de um lado a outro da lona sem cair do trapézio.

Dorinha dançava rumba, Xexéu fazia graça, Severino era o principal ator do drama “A Louca do Jardim”, mas o trapezista tirava o brilho de todos, enchia as vistas das moças.

Expedita foi ao circo, o Amo deixou.

Sorriu com as palhaçadas de Xexéu, aplaudiu a rumbeira, chorou com o sofrimento da “Louca do Jardim”, mas quando o trapezista se pendurou no trapézio, exibindo o peitoril vistoso, a cara de artista de cinema e as pernas volumosas, Expedita cegou.

Não tirou mais os olhos, não saiu mais de perto do circo e de tanto insistir, acabou se encontrando  com o ídolo e futuro novo senhor.

O circo foi embora num meio de semana. Na véspera a casa do Cruzeiro ficou vazia. Expedita fugira com o trapezista.

O fazendeiro sofreu nos primeiros dias, mas logo arranjou uma substituta para a deusa de jambo.

E quando anos mais tarde o circo voltou, ele sentou na primeira fila para aplaudir Expedita voando no trapézio abraçada ao seu trapezista.

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3 Comentários

  • Reply EDGAR 30 de janeiro de 2022 at 09:16

    Só essa estória de trancoso hoje, velho escriba ? Assim, tá ruim. É preguiça de escrever ou estás dodói ?

    • Reply Sebastião 30 de janeiro de 2022 at 14:51

      Tô arriado, suspeita de Covid. Quase não sai

  • Reply Sebastião Gerbase 15 de junho de 2024 at 13:22

    Te cuida, Tião, pragente voltar a tomar uma na feira da Torre!

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