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Domingueiras do Tião

13 de fevereiro de 2022

A MORTE DOPROFESSOR DIAS, O TIRO E QUEDA

Morreu o Professor Dias. O homem que dava jeito em tudo, consertava amores com defeitos, fazia marido voltar pra casa, curava dores e doenças horrorosas, sucumbiu à morte, se deixou vencer pela mardita. Mas ele já foi a grande sensação do sertão. O homem obrava até milagres, garantiam os mais fanáticos. Na sua tenda da Rua da Saudade, a mesma do cemitério, Professor Dias só não conseguiu enricar, mas, dizem, ficou numa peinha de nada.

As filas de consulentes aumentavam à medida que crescia a sua fama. Perto dele os profetas da televisão não passavam de  principiantes. E o jeito de falar era sui generis. Falava bonito, num sotaque bem arretado de nordestino e um português casto, diferente, intelectualizado à moda da casa.

Teve até programa na rádio. No seu horário, sempre no comecinho da tarde, centenas de pessoas participavam por telefone, outras mais tímidas remetiam cartas e o Professor Dias respondia ao vivo os telefonemas e as missivas.

Duas intervenções suas na rádio se destacaram pela eficiência.

Primeiro ele leu uma carta enviada por uma chorosa mulher que perdeu o marido. A dama lamentava-se informando que o esposo, depois de engravidá-la, lhe abandonara na rua da amargura. E terminava a carta perguntando se ele iria voltar.

– Vai não, porque embuchou outra -, respondeu o Professor Dias.

Aí entrou na linha uma mocinha queixosa:

– Professor, me socorra! Minha mãe está com uma dor de cabeça danada, faz dois dias. O que faço?

O Professor receitou na hora:

– Minha filha, o “pobrema” da sua mãe é no “cébrio”.

 

BAR DO LULA

Ontem eu falei de bares que ficavam no centro da cidade. Mas havia bares inteligentes em outros bairros, inclusive na praia. O Bar do Zé, quem não lembra? Ficava ali em Manaíra, na João Câncio, em frente a uma bela praça. Zé servia arrumadinho, bode guisado, churrasco com feijão verde, tripa crocante e fava.

Um dia Zé Morreu, o bar fechou e os boêmios ficaram órfãos. Mas, como não há mal que sempre dure, apareceu o Bar do Lula, nos mesmos moldes do Bar do Zé.

Lula foi garçom de Zé e com a morte de Zé assumiu o posto. O seu bar fica olhando a mesma praça e nasceu para reunir os mesmos frequentadores que enchiam o Bar do Zé.

E conseguiu o seu intento.

 

UM TRIO DE TRÊS

Esta vem do Baú de Ramalho Leite,  a quem psssi a palavra  com a devida  vênia:

“Nos anos 1970, a Assembleia era dominada por uma maioria do partido oficial- a ARENA e mantinha uma oposição asfixiada e desarmada de objetivos imediatos.Era o regime militar e seu representante na Paraíba, o governador Ernani Satyro.Contra ele revoltaram-se três arenistas, Edvaldo Motta, Waldir dos Santos Lima e Eilzo Nogueira Matos. Pela rebeldia inusitada a imprensa os apelidou de Os Tupamaros, numa referencia aos guerrilheiros uruguaios de fama continental.Egidio Madruga, então presidente da Assembleia isolou os três em um pequeno gabinete situado no final de um corredor que, pela presença dos deputados “suicidas”, também passou a ser chamado de “corredor da morte”. Os três resistiram à pressão do governo mas Eilzo não logrou sua reeleição.Waldir retornou , fez as pazes com o governador e foi eleito Presidente.Edvaldo Motta baseado em Patos, terra do governador, voltou à AL com os votos da oposição de Patos. ”

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