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Domingueiras do Tião

27 de março de 2022

O CHUPÃO

 

Atribui-se a Litinha Bucho Furado a fofoca que tomou conta da cidade e escandalizou homens e mulheres.

Zé de Nena fora pego no local do crime, melhor dizendo, com a boca na botija,  ou na xoxota, como queiram.

E a própria Litinha, alvo de tão prazeroso exercício sexual, correu a botar má fama no seu companheiro de cama.

– Zé de Nena foi pego chupando Litinha ! – era a notícia que se dava.

Provocando as reações  mais deslavadas.

– Seboso! Na minha casa não bebe mais água -, dizia, com cara de nojo, o amigo Chico Penca.

-Como pode! -, respondia Dió, para quem certas partes do corpo humano não eram dignas de receber um beijo.

O certo é que o pobre do Zé de Nena passou a ser evitado, marginalizado, jogado fora pelos antigos amigos e pelos meros conhecidos.

Quando bebia água na casa de algum desavisado -e água não se negava a ninguém -, mal dava muito obrigado e virava as costas, o caneco de alumínio era amassado e jogado no lixo.

Primeiro dos três filhos de Né da Prensa, Zé era o único a não demonstrar pendão para a música.

Edinho tocava triangulo, Quinca, pandeiro e cantoria, mas dos três o único que pôs modernidade no  ato sexual foi Zé,  chupou buceta num tempo em que essa prática era condenada, considerada imundície, coisa do cão.

E pagou o preço.

As raparigas só iam com ele para experimentar a sensação de se verem bolinadas pela língua do enxerido, principalmente depois de Litinha contar que a chupada de Zé fora tão violenta que a sua xoxota ficara vermelha e os cabelos do cu bateram palmas.

As moças prendadas da cidade lhe negavam namoro, nos forrós, se alguém lhe concedia uma dança, passava o tempo todo de cara virada para não sentir o bafo e os bodegueiros exigiam que carregasse um copo de sua propriedade para beber cachaça sem  contaminar os copos da freguesia.

Até que apareceu Doralice.

Moça corajosa, aceitou o namoro com Zé de Nena. E deu o sim para o casamento.

O que lhe valeu uma enxurrada de censuras.

Mas a todas elas respondia com um sorriso de felicidade.

– Doralice, minha filha, você vai casar com um chupão? -perguntou-lhe Cícera Gorda em tom de censura.

– Vou exatamente por isso. Mas pode tirar o cavalinho da chuva, a partir de agora ele só vai chupar a minha”.

 

EM CAMPOS DO JORDÃO

O amigo Herbert Fitipaldi esteve visitando Campos do Jordão ao lado da amada esposa. Guerreiro, homem trabalhador, amigo dileto, caráter retilíneo, gente que admiro e quero bem, foi desanuviar a vista para retornar com todo gás à labuta no Tribunal de Justiça.

 

CABEÇA DE BODE

A turma se reuniu no Mercado Central para beber cachaça e comer carne e cabeça de bode, como bem contou João Costa, um dos integrantes do grupo. Aí eu identifico, além de João, Chico Pinto, que não bebe e Otacílio Trajano, que bebe. Ainda vejo Antonio David e Hildeberto Barbosa.

Mas deixemos no ar a escrita de João: “No Mercado Central. Cabeça e carne de bode com cachaça. Mói de jornalistas bêbados, dois em abstinência total. Nada substitui o fuxico”.

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