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Domingueiras do Tião

13 de novembro de 2022

VINGANÇA

Chico do Cigarro jogava sangue pela boca nos peitos de Orestes, seu irmão mais velho, que apenas chorava. O sangue era tanto que nem palavra saía. Um “Orestes” balbuciado anunciava o adeus do caçula de Seu Quinca, o mais raquítico dos irmãos, o franzino.

Foram três tiros disparados a queima-roupa. Todos três entraram pela boca, quebraram dentes, desceram rasgando garganta, amídalas, veias, artérias. O coitado de Chico nem coragem teve para reagir. Acocorado debaixo da mesa, limitou-se a clamar, pelo amor de Deus, para Luiz Taenga não mata-lo. Mas Luiz, cruel, frio, uma montanha de gelo, não o ouviu. Apontou o revólver e disparou uma, duas, três vezes. Depois, levantou-se e saiu caminhando pelo corredor da casa grande de Zeca Porfirio, ganhou a Praça e sumiu na escuridão.

O relógio da igreja marcava oito horas da noite. Dali a pouco começaria a sessão de cinema do Cine Eldorado, localizado na Rua Nova, palco do crime. Tenente Camilão, que ia para o cinema com o tamborete nas costas, já que o Cine Eldorado ainda não possuía cadeiras, ouviu os disparos, correu ao local, viu quando Luiz ia embora e Seu Zeca Porfírio, quase desmaiando, pedia para que socorressem a vítima. Não socorreu, porque achou melhor ir até a sinuca de Aloísio Maraba, onde Orestes jogava uma partida enfrentando o craque Pajeú, para avisá-lo. Chegou esbaforido, botando o coração pela boca: – Orestes, corre que mataram Chico! Orestes correu e encontrou o irmão indo embora, jorrando sangue, chamando pelo seu nome.

Foi uma morte anunciada. Seu planejamento começou um ano antes, quando Toinho Risadinha, irmão de Orestes, trocou tiros com João por causa do amor da mulher deste último e amante do primeiro.

Chico, juntamente com Rafael Zoin, marchante de carne de bode que fazia ponto no açougue existente nas proximidades da casa de ambos, tomou conhecimento do caso amoroso e, de fofoca em fofoca, contou tudo ao João  caminhoneiro, levando consigo o velho Rafael para assinar embaixo.

Naquela noite, Luiz e um primo pegaram primeiro Zoin, que se encontrava pitando seu cigarro na esquina da padaria de Severino Olho Morto. Furaram ele de faca, para não fazer barulho. Depois Luiz esperou a passagem de Chico, em direção ao cinema. Ao vê-lo, Chico correu gritando, pedindo por socorro. Encontrou aberta a porta de Zeca Porfírio. Entrou, atravessou o corredor, chegou na sala de jantar e se escondeu debaixo da mesa. Luiz vinha atrás, abaixou-se, encontrou-o ajoelhado, implorando clemência. A boca do revólver cuspiu fogo e fumaça por três vezes e Chico foi pro buraco.

Rafael morreu sentado, pitando o cigarro, assistido pelo doutor Astrogildo Pereira, que sequer se deu ao trabalho de fechar os buracos das facadas. Era caso sem jeito. O sangue saiu até a última gota e Rafael, devagarinho, foi arriando na cama, até que o cigarro caiu no chão, apagado. (Do meu novo livro “Perdição”, ainda não publicado e sem data para publicação)

 

A FEIJOADA DE VAVÁ

O inclemente, impiedoso e navegante dos Sete Mares Vavá da Luz levou sua Lia para saborear a feijoada do João, em Jaguaribe. Depois, de bucho cheio, pegou o carro e rumou para Ingá, seu reino, onde finalmente descansou o corpo combalido na suntuosa rede armada no terraço da Fazenda Senzala.

 

O LIVRO DE EDMILSON

São 75 anos de história não só da Câmara Municipal, mas de João Pessoa, da Paraíba, do Brasil e do mundo retratados neste livro escrito pelo mano Edmilson Lucena e que será lançado dia 17 à tardinha no Hotel Globo. Livro que você começa a ler e não sabe parar, de texto saboroso, maneiro, texto de jornalista do batente que sabe botar a palavra certa e fazer a frase sem cansar o leitor. Eu estou lendo devagar com pena de terminar. Uma leitura que recomendo.

 

A CASA DE MAIVADO

Quer comprar uma casa chique no Lago Norte em Brasília pela pechincha de R$ 2.300.000,00 ( lá o preço de casa é de 4 milhões pra cima)? Pois entre em contato com Marcos Maivado Marinho e compre a casa dele, já que ele não quer mais morar no Distrito Federal. Dono desse imóvel desde os tempos em que esteve em Brasília assessorando Asfora, Maivado quer vende-lo e gastar o dinheiro na Paraíba, curtindo a vida com os filhos e netos. A bicha é bonita, tem 425 metros quadrados, sala para três ambientes, cozinha com móveis planejados, cinco suítes e piscina.

Ah, dinheiro!

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