CABO CHICO
Imagem meramente ilustrativa
Cabo Chico tinha o costume de dar surras nos desafetos com uma chibata de couro cru. Batia até largar o couro das costas dos infelizes. Todos o temiam, sua fama corria o mundo. Quando entrava num recinto, tinham que deixar seu espaço reservado. Entrava, batia forte com a chibata em cima do balcão e ai de quem achasse ruim.
Carregava mortes nas costas, mortes incontáveis. Por onde passou na longa carreira de cabo de Polícia , deixou rastros.
No Reino do Sertão não foi diferente.
Deu surras em maus elementos e em pessoas de bem. Bastava não gostar da cara do sujeito para enchê-lo de chibatadas.
Andava ornamentado, farda impecável, revólver na cintura, a chibata pendurada no braço ao estilo vaqueiro pegador de boi, o quepe altivo ostentando na parte de cima o escudo da briosa, tudo isso cobrindo um corpanzil de quase dois metros de muitos músculos e quase nenhuma banha.
Naquela manhã ele entrou na bodega de Severino Barbosa com cara de poucos amigos. Desceu a chibata no balcão só para ver a carreira dos frouxos.
Notou, porém, que um homenzinho de pouco mais de 1,60 m permaneceu onde estava, sem se atemorizar. Olhou para o atrevido, aproximou-se e quase passando seu bafo para o do já agora desafeto, perguntou-lhe o nome.
– Não tenho obrigação de lhe responder -, disse-lhe o oponente, sem se levantar de onde estava.
O homenzinho era Manoel Marques, fiscal de rendas do Estado, que fora transferido para o Reino por ato do governador do Estado.
Homem pequeno, calmo, tido e havido como rigoroso no trabalho e, via-se ali, disposto a honrar as calças que vestia.
A chibatada desceu direto para o rosto de Manoel Marques, que, reagindo, se agarrou com o homenzarrão a sua frente. Os dois saíram bolando pelas mesas e Cabo Chico, com a mão livre, puxou o revólver, encostou o cano no corpo do rival e disparou à queima rouba.
Mesmo ferido, Manoel Marques segurou a mão que apontava o revólver, afastou o cano do seu corpo e com a outra mão caçou a faca que Cabo Chico carregava na cintura. Puxou-a e cravou em cima do coração do valentão.
Cabo Chico arriou no chão, com os olhos vidrados, morto.
Manoel, perdendo muito sangue, saiu cambaleando na direção do consultório de Doutor Severiano, que ficava no pátio da matriz. Não conseguiu chegar sozinho, foi ajudado.
Escapou graças as habilidades do cirurgião Severiano Diniz, que retirou a bala e o mandou se recuperar em casa.
NIVER DE BAZINHO
O nome dele é pomposo, Sebastião Gerbase, mas os amigos e a família o chamam de Basinho. E como Basinho ficou conhecido aqui e em alhures. É um jovem senhor que anteontem comemorou 78 anos com jeito de 16. Ao lado da família, dos amigos (que são incontáveis) e com a disposição de quem vai para a casa dos 80 para depois chegar aos 90 e quiçá aos 100.
VAVÁ FAMOSO
O nosso Vavá da Luz continua nas nuvens depois que recebeu a visita do cantor e compositor Renato Teixeira. Ele, Renato, apareceu no Ingá para visitar as Itacoatiaras e foi recebido pelo menestrel Vavá. Também participou do encontro poético o artista Jessier Quirino.
Depois de lá, Vavá levou todo mundo pra Senzala, onde mantém procurado restaurante, para degustarem a galinha de capoeira cozinhada por Dona Lia.
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