E A VIDA ERA UM ETERNO CARNAVAL
Amigos, o assunto hoje é carnaval. A começar pela Baratona de Marcos Pires, tão bem retratada por ele no artigo aí embaixo. Depois seguem outras lembranças, todas boas, todas já ditas e faladas neste espaço durante os anos que já se evaporaram.
Então vamos lá.
Ah, carnaval de velhas lembranças. A máquina fotográfica da memória me transporta aos longes de antigamente, às ruas de Princesa e seus entrudos inesquecíveis. Entrudo era a bagunça do banho de água e mela mela. Melava-se com talcos perfumados e dava-se banho com água do açude. Depois é que a bagunça substituiu o talco por maisena e farinha de trigo.
Os blocos eram formados no improviso. Saía a orquestra tocando e as pessoas aderindo. Com pouco mais havia uma multidão dançando e pulando ao som de frevos e marchinhas que, de tão populares, eram cantadas por todos.
Na parte da tarde desfilavam os caretas. Gente da terra se mascarava e dava um trabalho danado a identificação de cada um. Os pobres botavam máscaras improvisadas de meias com furos para os olhos. Em certo carnaval João Passarinho se mascarou com a calçola da mãe, que todos reconheceram porque, na beirada, tinha o nome dela bordado. Os caretas violentos se vestiam com capotes de frio, penduravam chocalhos na cintura e usava o chicote para amedrontar a criançada. E havia os caretas de luxo, usando fantasias de príncipes e reis ricamente confeccionadas pelo estilista Antônio Eugenio Bezerra.
Por fim, à noite, aconteciam os bailes. No Clube Recreativo Princesense se reunia a fina flor da sociedade e o conjunto de Manoel Marrocos se encarregava da animação. Mas outros bailes menos famosos aconteciam nos bairros mais distantes, com destaque para o Cancão, que já passara o dia animado com o desfile dos Arapapacas e à noite emendava no frevo ao som do clarinete de Chico Costa e do trombone de Mourão.
Um grande músico de carnavais princesenses foi Zé de Minininha. Formou o Conjunto Os Rebeldes e tocava carnavais pelo interior afora, com destaque para Tabira, a terra que o acolheu e o fez se apaixonar. Eu fazia parte do conjunto tocando o meu soprano e mais tarde o tenor. Também integravam a tropa Edmilson Lucena, Mitonho de Mourão, Zé de Bezeca, Bicudo Massaroca, Chico de Mourão, Ernani de Ulisses, Nêgo Heronildo, Nêgo Goiaba e Goguinha de Benedito de Rufina.
Depois vieram os carnavais de João Pessoa. Como repórter de A União, fui escalado para cobrir os bailes do Astréa. Era um carnaval gostoso, o do Astréa, o azul e branco de Tambiá. O professor João Batista Mororó, diretor presidente do Clube, mantinha a disciplina, proibia os excessos e comandava a animação.
Foi num carnaval do Astréa que apareceu pela primeira vez ao grande público um menino franzino tocando um trombone de vara. Fazia tantas piruêtas com o trombone que chamou a atenção e muitos foliões paravam para vê-lo tocar. Mais tarde ficou conhecido mundialmente como o grande músico Ranegundes Feitosa.
Os bailes do Astréa terminavam sempre pela manhã. O sol nascia e os músicos ainda tocavam. E no último dia, que era a terça para amanhecer a quarta, todos saiam do clube dançando e dançando iam até a Lagoa do Parque Solon de Lucena.
Não esquecer o carnaval do Cabo Branco, mais sofisticado, mais rico, mais metido a besta, mas tão importante e animado quanto o do Astréa. A cidade, porém, não ficava restrita a esses dois clubes. Tinha carnaval no Assex de Jaguaribe, no Internacional de Cruz das Armas, no Bandeirantes e na Malandros do Morro da Torre e assim por diante.
O FOLIÃO CÍCERO LIMA
Ele fazia parte do time. E que time! Ao lado dele, cobrindo o carnaval de rua, desmanchamos o casamento de famoso jornalista e formalizamos o matrimônio do mesmo jornalista com a Rainha da Festa.
Falo de Cícero Lima, a quem concedo a palavra:
“É verdade.
Quem não lembra da nossa rainha Cleópatra e o rei Benedito?
Lembro que na 3a feira de Carnaval ela me confidenciou: ” este rei é um mole e não está com nada ”
Na retrospectiva de o Norte abrimos a manchete:
CLEÓPATRA: ” este rei é um mole e não está com nada”. Para ilustrar a matéria, uma foto dela seminua e uma foto do rei com um copo na mão e uma legenda. “É que tomei mais de 100 doses de uísque “. Ele um dia antes em resposta a uma pergunta minha quantas doses ele já havia tomado, respondeu com com cara de bravo ” umas 100″.
Dois dias depois encontro com ele no ponto de cem Reis e o mesmo partiu para me agredir, justificando: : com aquela matéria que você fez, a cidade toda está me chamando de fresco “.
Quem disse foi Cleópatra e não eu- respondi.
Pedro Moreira ia com Gerson Gomes, de noite, fazer fotos de CLEÓPATRA na praia.
E PRA TERMINAR, A SAIDEIRA
No baile de carnaval, o sujeito conta vantagem com o amigo:
– Cara, eu já peguei todas as mulheres que estão nesse baile! Tirando as minhas duas irmãs, claro!
– Que legal! – comenta o amigo – Comigo a exatamente o oposto!
– O oposto? Como assim?
– Até agora eu só consegui pegar as suas irmãs!
1 Comentário
Tião, hoje você foi ao fundo da alma.