O TORRADO
Os mais novos não a conheceram, pois quando chegaram ao mundo já se dançava outros tipos de dança. Mas dizem que a “dança do torrado” foi introduzida em Perdição por uma famosa rapariga oriunda da Serra do Teixeira.
Essa dança, segundo os mais velhos, realizava-se em casas de pontas de rua ou mesmo em sítios, e a particularidade dela é que todo mundo dançava nu.
Daí todos ansiarem pela chegada de tão atrativo baile. Dançar nu só tinha desconforto depois de certas horas, quando os machões haviam bebido além da conta e não se conformavam apenas com o balançado e o esfregado nas suas respectivas damas.
Invariavelmente acontecia briga de fim de festa, pois havia quem não gostasse de receber a interferência de algum enxerido.
Estudos atestam que o torrado foi criado por Lampião, o cangaceiro.
Chegando a uma festa de casamento no sítio de um desafeto, Lampião determinou que todo mundo tirasse a roupa e dançasse nu, em fila, com o detalhe de que cada qual teria que dançar com um dedo na boca e outro no cool. Quando a dança estava bastante animada, o capitão Virgolino mandava trocar de dedo.
-Assim tá danado, capitão! – gritou um dos dançarinos.
-Danado de que?!- respondeu Lampião lá de cima da mesa. E o cabra, batendo pino:
-Tá danado de bom!
Pois foi assim que o torrado chegou à Perdição, pelas mãos dessa maravilhosa diva teixeirense que desembarcou num remoto tempo na Rua da Lapa e dela só saiu para o cemitério.
DOUTOR JOÃO BATISTA
O Tribunal de Justiça da Paraíba ganhou um novo desembargador, o doutor João Batista. E que desembargador! Juiz por excelência, justo no julgar, correto no proceder, em resumo, um homem de bem.
Conheci doutor João quando ele começava na advocacia. Dei muito trabalho a ele. Nos tempos bicudos, de magras verbas, costumava atrasar os compromissos e era sempre encontrado pelo advogado dos credores, que me chamava a um canto e botava pra fora os argumentos que me convenciam a não deixar de honrar a palavra empenhada.
Um cara arretado, que admiro e quero bem.
NIVER DE DORA
Ontem a família se juntou para cantar parabéns pra Auxiliadora, esposa do meu cunhado Marcos. Até bolo teve, com velinha acesa para assoprar e tudo.
NIVER DE AMILKA
O nome dele é Milton Pinto Ramalho, mas a gente o chama de Amilka e como Amilka ficou. Falo do meu genro Amilka, que soprou velinhas no meio da semana e comemorou, ao lado de amigos e familiares, na lanchonete do mano Zezé, ali na Praça do Carro Velho.
3 Comentários
CONHECI DOUTOR JOÃO, NO FINAL DOS ANOS OITENTA E INÍCIO DE NOVENTA, NA COMARCA DE ARARUNA. MAGISTRADO POR EXCELÊNCIA E, PORTANTO MERECEDOR TANTO DO SINÔNIMO COMO DO ADJETIVO, SENDO NA MAGISTRATRA UM PONTO DE REFERÊNCIA QUE, SE MIRADO E SEGUIDO, FARIA MUITO BEM AO PAÍS, TÃO CARENTE DE TAIS REFERÊNCIAS. PONTUA COMO EXCEÇÃO AO QUE SE PROCLAMA COMO OS MODERNOS, APRESSADOS E DESATENTOS AOS FENÔMENOS SOCIAIS E AO DEVER DE ESTRITA OBSERVÂNCIA À ÓRDEM JURÍDICA A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL, ATÉ A BASE DOS CONDUTORES INTRODUTÓRIOS DE APLICAÇÃO DAS NORMAS.
O Milton Ramalho é filho do outro Milton? É meu primo proximo
A mãe dele se chama Marta Ramalho