RUAS DE SAUDADE
A cidade de João Pessoa, amores de Gonzaga Rodrigues, guarda um pedaço do ontem que faz o visitante que pisa no seu chão sentir-se transportado ao passado, personagem de um tempo vivido pelos que hoje habitam a lápide fria do Boa Sentença. É o bairro do Roger, perto do centro da cidade. Casas e casarões guardando o antigo como presente, o passado em nome do futuro, o ontem para a nostalgia do hoje. Janelas de madeira trabalhada, onde certamente a mocinha que depois se tornou avó se postava para ver o amado passar em caminhar de amor. As ruas são estreitas, como estreitas eram as ruas de antigamente. Em tudo se respira saudade. Até os que nasceram depois, feito eu, sentem-se personagens daquele tempo, moradores daqueles tetos, seresteiros daquelas sacadas de valsas e chorinhos de cavaquinho. A igrejinha, com suas torres cor de rosa tem no alto de uma delas os dois sinos que ainda repicam aos domingos chamando os fiéis para a missa matinal. E nos dias de tristeza, tocam finados avisando que o Roger ficou com um morador a menos. Na esquina da rua próxima, onde o menino corre atrás da bola, atrapalhando o caminhar do vendedor de manguzá com seu galão de comida nas costas, a mulher vende bolo de festa e salgadinhos com sabor de quero mais. O cachorro preguiçoso caminha pelo calçamento irregular, ciente de que ali carro nenhum vai atrapalhar seu rumo. Casais de velhinhos sentam-se nas calçadas das casas, de mãos dadas, olhando o pôr do sol e lembrando com a saudade própria de quem viveu aquele momento infinitas vezes. É um pedaço de passado, ainda preservado, que vive ileso à sanha imobiliária da cidade, graças ao esforço dos próprios moradores, nativos e adotivos feito Vital Farias. E que deve permanecer assim, mesmo que a cidade toda se transfira para o mar, como vem acontecendo. Garanto que do Roger não haverá desertores. |
NIVER DE ZECA PORTO
O desembargador José Ricardo Porto aniversariou no meio da semana. Um grande paraibano, como grande paraibano foi seu pai, Sílvio Porto, igualmente desembargador e igualmente meu amigo. Tenho por Zeca uma estima antiga, desde os tempos da Faculdade. Fomos aprovados no mesmo vestibular, dividimos classe durante o curso básico, depois ele se transferiu para a UFPB e eu continuei no hoje Unipê, fomos colegas de redação de jornal e assim continuamos até hoje, já maduros porém ainda em ordem, cheios de vida e com vontade de viver.
NIVER DE ALARICO
Quando eu comecei no jornalismo Alarico Correia Neto já era do batente fazia tempo, integrava o time dos grandes nomes da imprensa. O que acho interessante nele é que, mesmo com tantos títulos e tanta fama, jamais perdeu a simplicidade, nunca usou salto alto, em tempo algum se sentiu maior do que seus colegas. Aniversariou, também, esta semana e continua tinindo de novo.
EDSON VIDIGAL
Edson Vidigal Filho, embora more no Piauí, faz questão de manter acesa no peito a chama da paraibanidade. Tanto é verdade que, ao tomar conhecimento do meu livro “Perdição”, encomendou logo 20 exemplares para distribuir com os amigos do Piauí e do Maranhão e, assim, divulgar as coisas da Paraíba. E eu fiquei todo ancho ao saber que esse qualificado leitor aprecia as besteiras que eu posto aqui no blog. Em tempo: o livro chegou até ele e, conforme suas palavras, está agradando.
2 Comentários
Tião, você é um camarada da mais alta qualidade. Muito obrigado pela consideração, fiquei extremamente feliz pelo presente. Sou seu fã, abraço.
Eita, Tião Lucena, velho de guerra. Agora, me transportaste a um passado longínquo e saudoso. Sou do ROGER. Nasci em casa, nas mãos da saudosa parteira Alice Paiva., na Rua Joaquim Nabuco, próximo a Padaria Flôr das Neves. Conheci figuras ilustres, tais como, Tico Carvoeiro, Mário Teixeira, Josias do Açougue, seu Júlio da mercearia da Dom Vital, o sacristão João Lourinho, o barbeiro Mião, a turma da Gameleira e tantos outros.
Anos1950/1960.
Saudades do ROGER.