“MATOU-ME, SEU BELO MAIA!”
Belo Maia estava perdendo o sono com o bicho que invadia diariamente seu partido de cana . Cana Piojota, da boa, grossa, mole e doce feito mel, famosa na redondeza e orgulho do seu dono, um partidão que cobria toda a extensão do Maia e se estendia mundo afora pelas terras da Laje de Fora e Laje de Dentro. Tudo dele, tudo verde, um tapete de encher os olhos.
Mas um bicho apareceu para atrapalhar a alegria de Belo Maia.
Os buracos no meio do canavial eram vistos de longe, tão grandes eram. E surgiam de repente, da noite para o dia, numa velocidade nunca vista.
Contratou homens para botar tocaias, chamou o destacamento policial para vigiar mediante um pagamento extra, mas de nada adiantava. O misterioso invasor aparecia do nada e chupava a cana de Seu Belo, deixando o chão cheio de bagaços e de misteriosos rastros.
Decidiu ele mesmo botar sentido no partido de cana. Os olhos do dono poderiam ver o que os olhos contratados não viam ou não queriam espiar.
Carregou o bacamarte com chumbo grosso, pregos, rolimãs, sal de churrasco comprado no armazém de Sebastião Medeiros e uma baforada de Detefon pra acabar de matar o intruso, botou a arma no ombro e se embrenhou no partido de cana disposto a só sair de lá com o bicho chupão puxado pelo rabo.
O dia corria, o sol se posicionava no meio do céu, o gavião botava o olho comprido no calango preguiçoso que dormia no lajedo ali adiante, e Belo impassível, o olho grudado nas canas e o dedo alisando o gatilho, um silêncio de cemitério dominando a paisagem, até o vento se escondendo sem querer mexer nas palhas .
De repente, o ruído de mato pisado e de cana arrancada. De lá do seu canto Belo escutou o chupado, um chupado grande, com gosto de quem chupa gostando. E as canas caindo.
Apontou o bacamarte na direção da zoada e o eco do disparo se ouviu no Alto dos Bezerra, reproduziu-se na Várzea, foi bater em Manaíra e morreu nas quebradas do Piancó. Foi o tiro e um grito, um grito de dor e desespero:
– Matou-me Seu Belo Maia!
– E é pra matar mesmo, seu cabra!”, respondeu Seu Belo.
O dono do grito desabou na carreira, mas pela silhueta deu para ver que se tratava de Mané Padeiro, aquele que a partir do tiro do bacamarte de Seu Belo passou a ser chamado de Mané Guará.
FALA, RUBENS!
O amigo e confrade Rubens Nóbrega fez a reclamação na semana passada, como não vi resposta transcrevo o que ele reclamou, de logo dizendo que nem autorização pedi. Confio na amizade e a intenção é boa, vou logo avisando.
Eis o escrito:
DESRESPEITO
Domingo passado, amiga de Bananeiras dirigiu-se ao Colégio Municipal Emília Neves, onde daria seu voto a candidata ou candidato ao Conselho Tutelar do município. Lá, soube que a escola agora se chama Xavier Júnior e o Grupo Escolar Xavier, Emília Neves.
Não consigo entender nem saber (ainda) a razão da troca de nomes. Por enquanto, só posso imaginar que seja tudo um imenso equívoco fundado em desconhecimento ofensivo a uma história de 90 anos. Tentei explicação do prefeito Matheus Bezerra, nesses termos:
– Boa tarde, prefeito. É verdade? Consumada a troca de nomes dessas escolas? Pergunto porque é difícil acreditar algo tão sem sentido e desrespeitoso com a história da cidade, de seus cidadãos e de quem tem apreço e zelo pela educação pública.
Dessa vez, ele me deu ‘calado como resposta’. Fez pensar se diria algo se algum antecessor ou sucessor seu trocasse o nome do estádio local, de Bezerrão, homenagem ao seu tio-avô Clóvis Bezerra, para Ramalhão, referência a Severino Ramalho Leite, que faz oposição aos Bezerra.
Voltarei ao assunto.
ECLIPSE
Foi, como se esperava, o maior sucesso o eclipse do sol registrado neste sábado. E, como esperado, apareceram os oportunistas tentando faturar em cima do fenômeno. Teve prefeito comemorando o excesso de público que lotou suas praias, outros dirigentes dizendo que suas terras receberam gente de todas as raças para ver o sol se pondo antes da hora e, para fechar o firo, os memes de gente comemorando o acontecido de forma jocosa, agradecendo ao prefeito de sua cidade por ter levado tão belo espetáculo para suas fronteiras.
Eu não vi nada, sequer prestei atenção. Faço o registro para justificar a bela imagem feita por Antônio David diretamente da Casa da Pólvora, em João Pessoa.
1 Comentário
Será sempre Xavier Júnior, eis a verdade.